Abrantes prega o fim da “anti-cultura”

Publicado em: 01/04/2011

A arte e a cultura caminham lado a lado e se manifestam nas mais diversas expressões humanas. A cultura é o núcleo da identidade de um povo, de uma nação, e como tal, deve ser incentivada, respeitada, valorizada. por ser uma das principais (ou senão a principal!) ferramentas de transformação social. O tema muitas vezes não tem a devida atenção por parte dos governantes, que de forma errônea e grosseira, não consideram o acesso à cultura uma necessidade básica da sociedade. Com intuito de promover esse oportuno debate, na sexta-feira (1º), a Câmara Legislativa lançou a Frente Parlamentar em Defesa da Cultura, iniciativa dos deputados Cláudio Abrantes (PPS) e Israel Batista (PDT).

Brasília é uma jovem cidade com seus 50 anos de idade. Em sua concepção reuniu pessoas de todas as regiões do Brasil formando uma grande mistura de brasileiros. A personalidade cultural da cidade está em pleno processo de formação. Mas para que essa personalidade se consolide, são necessárias políticas públicas para valorizar a expressão do povo brasiliense.

Para Hamilton Pereira da Silva, secretário de Estado de Cultura, o DF não pode seguir um padrão, cada cidade-satélite tem suas necessidades e anseios específicos e isso é o que se expressa na peculiaridade de sua arte. “Não se pode ignorar a dinâmica interna das cidades. Isso reflete na afirmação do caráter mais profundo de cada região”, afirma o secretário.

O deputado Cláudio Abrantes – propositor da sessão solene – acredita que é preciso estabelecer instrumentos de proteção e de tratamento diferenciado com a cultura. “Há várias décadas a cultura vem sendo deixada de lado, e agora ela precisa se equilibrar com outras estruturas governamentais, já que atinge todas as classes sociais, gêneros e idades”, afirma. Para ele a iniciativa tem um grande desafio pela frente. “Nós temos que fortalecer os atores do diálogo com o poder Executivo, que são artistas. A Câmara e a Frente Parlamentar em Defesa da Cultura serão essa ponte, sem dúvida”, acredita.

Abrantes ainda prega o fim da “anti-cultura”. “No governo ainda existe aquela idéia obsoleta de que fazer o povo pensar, analisar, refletir, é nocivo. A periferia é a grande demandante de uma política pública de cultura. Com a força do Estado, essas velhas práticas políticas, vão desaparecer”, avalia.

A Sessão Solene contou com um número reduzido de parlamentares, porém vários movimentos culturais, além de artistas, músicos e produtores locais, estavam presentes. Estavam representados: Associação dos Músicos a Artistas Populares do DF e Entorno; Clube dos Blues do DF; Movimento hip-hop; Associação Ruarte de Cultura; Mobilização Sócio-Cultural e Ambiental (Mosca); Orquestra Filarmônica de Brasília; Fórum Religioso Afro-brasileiro do DF e Entorno; Fórum de Cultura o DF; dentre outras entidades atuantes no cenário cultural da cidade.

 Representante do Fórum Religioso afro-brasileiro, Michael Félix acredita que o encontro é uma grande oportunidade de valorizar a identidade do país. “Toda religiosidade brasileira está ligada à cultura africana, tratá-la como parte integrante do cotidiano, trabalha o desprovimento de discriminação cultural e religiosa da sociedade”, alega. Para Julimar dos Santos, artista plástico do grupo Mosca, Brasília é a capital do futuro. “Em tempos de renovação, nada melhor que a força da criatividade e da cultura para trazer novos dias. Não apenas para formar artistas, mas um público que além simples expectador, vê a arte como conhecedor”. O Maestro Rênio Quintas, coordenador do Fórum de Cultura do DF,afirmou ter chegado o momento de colocar nas ruas o que sabem fazer,segundo Rênio “pela cultura, também é possível reduzir a violência, e a comunidade estará mais mobilizada para as mudanças que se impõem”,disse.

      

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