A deputada distrital Celina Leão (PMN) criticou hoje (10) os primeiros 100 dias do governo Agnelo Queiroz (PT) e pontuou alguns dos erros cometidos na atual gestão. Segundo Celina, falta ação do governador que ainda vive em “tempo de promessas”.
É difícil fazer oposição a um governo cuja base aliada é tão ampla?
Fazer oposição é difícil, mas não é impossível. É uma missão árdua, confesso, um caminho para quem tem coragem, mas extremamente necessário. O deputado de oposição tem que saber que ele representa as pessoas que estão insatisfeitas e as que não acreditaram em um determinado projeto político. Essas pessoas precisam ser representadas.
E como a deputada oposicionista vê os primeiros 100 dias deste governo?
Esse governo é tão ruim que qualquer governo que tem saldo positivo em 100 dias coloca na imprensa, solta pesquisa. O governo está calado, de tão ruim que é. A oposição quer cobrar melhorias, e se melhorar, vai ser bom para a população. Não estamos mais na época de campanha, agora é ação. A Dilma fez o balanço de 100 dias dela, cadê o do GDF? Me preocupa o período político que Brasília está vivendo. O governo não anda, em 100 dias ainda não mostrou sua marca.
Quais são os pontos mais críticos?
A Saúde continua caótica e o governador foi eleito com a promessa de que a melhoraria em 90 dias. Disse inclusive que assumiria a pasta. Não fez. Decretou apenas Estado de Emergência e tem feito contratos sem licitação. Isso é preocupante. A Saúde é, realmente, a questão mais preocupante no Distrito Federal porque lida com vidas. E vidas não podem esperar, tem que agir rapidamente. Vimos que o plano de governo ficou na campanha e ainda não foi colocado em prática. A Saúde era prioridade na campanha, mas na prática, hoje, não está sendo. A Educação era prioridade, o transporte era, tudo era e seria resolvido facilmente. Será preciso quantas vezes 100 para vermos isso? E se era tão fácil, porque não está sendo feito? Brasília não tem problema de verba, tem problema de gestão. E nestes 100 dias já deu para perceber que a gestão continua sendo o nosso maior problema.
Além da Saúde, que na sua visão continua caótica, o que mais é criticado na atual gestão?
No transporte, Agnelo conseguiu piorar o que já era ruim. A Educação é vergonhosa. Faltam até merendas nas escolas e servidor da Educação teve a ousadia de dizer na TV que “crianças comeriam bolachas, que isso não ia faltar”. E como eu disse, problema de gestão.
Você criticou há pouco a falta de licitações. Isso te preocupa?
Claro. O papel de fiscalizador de um deputado distrital é muito importante e tenho feito isso com muita responsabilidade. Se o Estado de Emergência decretado pelo governador servisse para abrir mão de licitações e melhorar o problema da falta de medicamentos, insumos hospitalares, seria uma coisa. Porém, o governo quis contratar médicos por meio de entrega de currículos, em quase todos os hospitais faltam material básico. Na semana passada, por exemplo, faltava reagente para exames de sangue em muitos hospitais do DF. Enquanto isso, a empresa da mulher do secretário de Saúde vem recebendo milhões com contrato com o GDF. Enquanto isso, um outro contrato milionário foi feito por este governo, em fevereiro, de forma emergencial, com a Engebras, empresa acusada de participação na Máfia dos Pardais. Qual a emergência de aplicar multa nos motoristas enquanto pessoas morrem em filas de hospitais?
O saldo então destes 100 dias seria…
Que Brasília realmente escolheu um novo caminho. O problema é que o caminho é muito mais feio do que se pintava.
Matéria solicitada à assessoria de imprensa de Celina Leão
Foto: Carlos Gandra/CLDF)