Todo dia é dia da imprensa

Publicado em: 07/06/2011

Todo dia é dia, mas o dia de ontem (06-06), foi “Ô” dia! Na parte da tarde a deputada distrital Liliane Roriz (PRTB), que é jornalista, realizou sessão solene para comemorar o Dia da Liberdade de Imprensa, à noite a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial do Distrito Federal (Cojira-DF), em parceria com o Fórum de Assessores de Imprensa da Câmara Legislativa do Distrito Federal, promoveu o seminário Imprensa e Relações Raciais.

Dois eventos distintos e que deveriam ter sido lotados pelo mesmo público: os jornalistas. Mas pouquíssimos deles estiveram lá. O depoimentos emocionado do jornalista Renato Riella,  sobre os fatos sangrentos que marcaram o jornalismo de Brasília, com a morte de Mário Eugênio, morto por investigar crimes realizados por policiais em 1984, emudeceu o público presente. Renato Riella, responsável pela cobertura e investigação do crime a frente do jornal Correio Braziliense, na época, relatou que o enterro do colega foi o fato mais incrível que Brasília já viu. “O enterro de Maior Eugênio foi o segundo mais concorrido da capital, perdendo apenas para o de Juscelino Kubitschek”, relembrou Riella.

Na sessão solene a deputada Liliane Roriz, falou da importância da comunicação democrática para uma sociedade livre dizendo que  “O jornalismo sério modifica a vida das pessoas. E para isso é importante que o jornalismo incomode”,  a aproveitou para denunciar o descaso do governo Agnelo com os jornais de pequena circulação, ressaltando a importância deles para as comunidades, acrescentando ainda que as novas mídias vem modificando as relações do poder na mídia , dando mais poder e voz a população.

Na mesma linha a deputada Celina Leão (PMN) também criticou a “mordaça” que o GDF instalou na imprensa local, ao negar verbas publicitárias a jornais de oposição, privilegiando os grandes jornais e redes de televisão dizendo que  “É fundamental trazer a tona o que está acontecendo hoje. O que há é uma mídia sustentada pelo governo”, e defendeu a transparência e a divisão igualitária das verbas publicitarias do Governo.

O presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal, Lincoln Macário, observou que os jornalistas e a imprensa têm vários dias comemorativos, mas que faltam motivos para comemorar. Macário citou a falta de cumprimento do piso salarial e de direitos trabalhistas. “A liberdade de imprensa não é propriedade dos jornalistas e dos donos de jornal, mas da sociedade. E para que seja exercida, é preciso regras e regulamentação. Hoje não há como cassar o registro de quem comete um abuso”.

Já o presidente da Ordem dos Advogados do Distrito Federal (OAB/DF), Francisco Caputo, destacou que a liberdade de imprensa é um dos temas mais caros aos advogados do Brasil. “É missão de jornalistas e advogados zelar para que a liberdade de imprensa seja usufruída pela sociedade, uma vez que é diuturnamente ameaçada”.

Também participaram da sessão solene o diretor de comunicação e relações públicas da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), Théo Rochefort; a secretária adjunta de Comunicação Social do DF, Mariana Ramos, e, representando a Coordenadoria de Comunicação Social da CLDF, o jornalista Bruno Sodré.

Imprensa e Relações Raciais

À noite a jornalista Conceição Freitas do Correio Braziliense, a professora da UNB Dione Moura, o jornalista André Ribeiro, repórter da TV Senado e Daniela Luciana da Silva, da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, fizeram explanação sobre igualdade racial vista pela ótica das grandes mídias. Para a professora Dione Moura, a cobertura da questão racial na imprensa “passa pelo compromisso com democracia e pluralidade de vozes”, enfatizando em sua fala a luta pela implementação do sistema de cotas na universidade, que segundo ela teve momentos dramáticos, tendo em vista a resistência de diversos setores da Universidade de Brasilia, e a interferência da mídia descompromissada.

Para a jornalista Conceição Freitas a sociedade brasileira ainda não enfrentou o racismo de frente, e confessou que ela mesma teve dificuldade para se entender como uma mulher de cor. Já o jornalista André Ribeiro falou sobre sua pesquisa de doutorado de Comunicação Social na UNB, e disse que nas matérias sobre cotas no Brasil se discute apenas o vestibular e, não o racismo.

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