Entidades sociais que atuam no Distrito Federal em convênio com o GDF ligaram o sinal vermelho devido aos constantes atrasos dos repasses feitos pela Secretaria de Desenvolvimento Social. É o caso da Associação dos Voluntários Pró-Vida Estruturada, mais conhecida como Associação Viver, organização não governamental que atende a cerca de 400 crianças, de 5 a 12 anos, moradoras da Estrutural. Na manhã desta quinta-feira (28), a presidente da Comissão de Assuntos Sociais da Câmara Legislativa, deputada distrital Liliane Roriz (PRTB), fez esteve na instituição e constatou o atraso dos pagamentos.
“Imaginem se esta entidade fechar as portas, para onde levaremos todas essas crianças que passam parte do dia aqui, enquanto os pais trabalham? É um descaso o GDF saber que essas instituições já são tão carentes e mesmo assim deixar a irresponsabilidade ser maior que a compaixão”, avaliou a parlamentar. Durante a visita, a distrital conheceu as dependências da ONG, que já existe há 17 anos, e constatou a necessidade urgente de melhorias para o conforto das crianças atendidas.
“A gente brinca no barro e na poeira mesmo, mas é melhor do que ficar em casa. Aqui eu aprendo tudo e os tios são legais comigo”, revelou o pequeno Leonardo Dicaprio, um dos alunos matriculados na associação. Antes de passar parte do dia brincando, Léo – como prefere ser chamado – acompanhava os pais, que eram catadores no Lixão da Estrutural, área vizinha da entidade. “Aqui é bem melhor”, comparou, sem pensar duas vezes. Durante a visita, a parlamentar entregou bolas de futebol novas para a prática do esporte.
Por causa dos atrasos, o risco de instituições fechar como a Viver é grande. “Pelos relatos que ouvi, a entidade já está há mais de dois meses sem receber dinheiro do GDF e todos os funcionários estão trabalhando voluntariamente no projeto. E não é a primeira vez que isto acontece neste ano”, emendou. Os voluntários se revezam na coleta de donativos para manter a estrutura da instituição. “Todo mundo que está aqui faz por amor e não por dinheiro. Enquanto der, vamos levando pelo bem das crianças”, afirmou uma das 20 pessoas que dedicam boa parte do tempo à instituição.
Para a parlamentar, a situação é preocupante. “Quantas outras entidades estão nesta mesma situação?”, questionou Liliane. Como presidente da Comissão de Assuntos Sociais, a distrital vai visitar outras entidades e ainda apresentar na Câmara requerimento para solicitar da Secretaria de Desenvolvimento Social relatório completo sobre a situação do repasse de recursos para as entidades sociais.
Para a Associação Viver, o repasse feito é de cerca de R$ 160 por criança atendida. “A folha apenas paga o salário dos funcionários. Por isso, dependemos tanto das doações, que são sempre bem-vindas”, afirmou uma professora voluntária que prefere não se identificar.
Além das práticas esportivas, artísticas e de informática, a Viver ainda oferece a todos os alunos aulas de reforço escolar para dar sustentação para o que é aprendido no contra-turno, dentro das escolas públicas. Todas essas atividades à base de uma alimentação sadia e cada criança recebe duas refeições por dia. “O que nós queremos dar garantia para as crianças de que a esperança existe, sim, aqui na Estrutural. Uma espécie de um oásis em meio ao caos”, explicou o pastor Joseni Magalhães, um dos responsáveis pelo projeto.
Foto: CLDF