O sistema cicloviário foi assunto recorrente na solenidade de lançamento da Frente Parlamentar da Mobilidade Urbana Sustentável, na manhã de hoje (23), no plenário da Câmara Legislativa. O evento, presidido pelo deputado Joe Valle (PSB), foi espaço para críticas à forma como os governos têm tratado essa modalidade de transporte. “Sistema cicloviário é muito mais do que construir ciclovias”, criticou o promotor da Ordem Urbanística do Ministério Público do Distrito Federal, Dênio Augusto Moura.
Segundo o promotor, ainda falta muito para implementar o que a legislação detemina. “A questão tem que ser vista como um sistema. É essencial que haja estrutura para atender os ciclistas, como vestiários e bicicletários”, defendeu.Como exemplo emblemático, Moura citou o caso da Estrada Parque Taguatinga-Guará (EPTG). A lei determina que todas as rodovias em construção no DF devem ter ciclovias. “Por que isso não foi implementado na EPTG?”, questionou.
Dênio Moura alertou também para a falta de manutenção do sistema cicloviário. Segundo ele, já há trechos depredados em ciclovias entregues recentemente. “Em Taguatinga, fui informado de que um bicicletário virou abrigo de pessoas”, relatou, ao destacar que a responsabilidade deve ser compartilhada entre o governo e a sociedade.
O promotor reclamou da dificuldade de comunicação com o Governo do Distrito Federal (GDF) para tratar do assunto. “E olha que o MP tem poder de requisição de informações”, ironizou.
Ainda durante a solenidade de lançamento da Frente, ele criticou a falta de participação popular no processo de construção e aprovação do Plano Diretor de Transporte Urbano e Mobilidade do Distrito Federal (PDTU). “Cadê a discussão com a sociedade? A impressão é que o processo do PDTU foi agilizado para atender a outros motivos que não o de planejamento”, afirmou.
O presidente da ONG Rodas da Paz, Uirá Lourenço, usa a bicicleta todos os dias para ir de Taguatinga ao Plano Piloto, onde trabalha. Em sua opinião, embora a bicicleta seja o meio de transporte mais ágil e econômico – além de ser útil em terapias para neuroses urbanas como o estresse e a depressão -, o “automóvel reina de forma absoluta na cidade”. Ele criticou a concepção dos viadutos e vias como a EPTG, por onde transita diariamente. “A rodovia deveria ser uma linha verde, mas não oferece segurança para bicicletas e pedestres”, criticou.