Imagens da esposa de Duvanier em vídeo de segurança desmente versão de hospital

Publicado em: 25/01/2012

Uma pessoa reconheceu Cássia Gomes, esposa do secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Duvanier Paiva Ferreira, nos vídeos de segurança do Hospital Santa Luzia. A imagem foi captada na noite em que ele morreu por falta de atendimento. O reconhecimento feito à Polícia Civil do Distrito Federal desmente a versão sustentada pela direção do hospital, que havia afirmado não ter encontrado registros da passagem do secretário naquele dia.

Nas imagens, Cássia aparece entrando na recepção vazia do estabelecimento apressadamente, falando com a atendente, voltando ao carro e retornando logo depois para dizer algo à atendente, antes de deixar o hospital. As imagens não possuem áudio, impossibilitando saber o que foi dito no diálogo.

No último dia 20, a diretora técnico-assistencial do hospital Santa Luzia, Marisa Makiyama havia informado através de nota, que o levantamento interno do hospital, não constatou a entrada de Duvanier na emergência na madrugada de quinta e que foram checadas as imagens do circuito interno de TV e os registros, além da afirmação dos plantonistas. Quanto ao Hospital Santa Lucia, o superintendente jurídico Gustavo Marinho havia negado que houve recusa de atendimento e que seja prática do hospital a exigência de cheque-caução de pacientes em situação de emergência.

Homicídio Culposo – O governo federal aumentou a pressão sobre a Polícia Civil-DF nas investigações sobre a morte de Duvanier, após Cássia ser reconhecida, pois considera prova irrefutável de que houve negligência no atendimento.

O inquérito da Delegacia do Consumidor (Decon), que averigua exigência de cheque-caução, já ouviu ontem (24) os depoimentos de três funcionários do Santa Luzia e de outros três do Planalto.  A 1ª Delegacia de Polícia, que conduz o inquérito da morte do secretário também já iniciou as investigações. De acordo com o delegado Johnson Kenedy, responsável pelo caso, a apuração ocorre em sigilo.

De toda sorte, a Polícia já informou ontem (24), que dispõe de informações suficientes para o indiciamento dos responsáveis dos hospitais por omissão de socorro qualificada e homicídio culposo, que é quando não há intenção de matar. “As administrações dos hospitais determinam previamente um comportamento negligente quando não colocam um médico para atender o paciente e, primeiro, estipulam um preço”, afirmou Onofre Moraes, diretor-geral da Polícia Civil-DF.

Onofre afirmou nesta segunda (24) que a análise jurídica do caso dá base para afirmar que os atendentes não podem ser responsabilizados, pois atendem determinações superiores nem o médico estaria envolvido, porque não teve contato com o paciente.

O caso – Duvanier morreu depois de sofrer um infarto no miocárdio e de ter o atendimento negado pelos hospitais Santa Lúcia e Santa Luzia, que alegaram não ser credenciados ao plano de saúde dele, a Geap e exigiram cheque caução para prestar o atendimento. Como nem o secretário nem a esposa, Cássia Gomes, estavam sem dinheiro ou talão de cheque, foram obrigados a procurar atendimento em um terceiro hospital, o Planalto, onde Duvanier morreu ainda na recepção, enquanto a ficha de internação era preenchida.

Nesta terça (25) será celebrada a missa de 7º dia na Catedral Metropolitana de Brasília, às 12h15. Logo após, às 13h, será realizado um ato de repúdio em frente à Catedral. Segundo os organizadores, a ideia é levantar uma bandeira contra o descaso da rede privada de saúde e o não cumprimento da legislação.

Burocracia, negligência ou racismo? – Na sexta, (20) a presidente Dilma Rousseff determinou que fossem investigadas as circunstâncias em que morreu Duvanier Paiva. Por telefone, Dilma pediu que o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, tome providências para apurar o caso.

O Ministério da Saúde se pronunciou e afirmou que por se tratar de caso grave, o atendimento não poderia ter sido negado naquelas circunstâncias a qualquer cidadão. Já a Ministra Luiza Bairros, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), informou que pedirá que a Polícia Civil inclua nas investigações a possibilidade de discriminação racial.

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