“Isso é coisa de preto, de quem não tem estudo”. A frase foi pronunciada nesta segunda (09), em um supermercado de Salvador, na Bahia por uma cliente e flagrada no mesmo instante por uma delegada que também estava no estabelecimento. Sob aplausos a polícia algemou e levou a mulher. Os nomes das envolvidas não foram divulgados e nenhuma delas falou à imprensa. Em outro canto do país, aconteceu o inverso. Também na segunda (09) em São Paulo, um policial militar ameaçou um jovem com uma pistola no campus da Universidade de São Paulo (USP). Estudantes gravaram a ação e o vídeo foi para a internet.
O caso aconteceu quando alunos, guardas universitários e o policial identificado como tenente André, que aborda apenas um dos jovens, perguntando se é aluno. Mesmo com a confirmação o PM insiste que o rapaz, único negro no grupo, mostre a carteirinha da universidade. “Tenho minha palavra”, respondeu o rapaz ao que o policial o agride fisicamente, parando apenas quando o jovem mostra a identificação estudantil. Hoje (10) a corporação informou que afastou os dois policiais que estavam na USP, além de abrir sindicância para apurar o fato.
Em outro vídeo, também feito e divulgado pelos universitários, o tenente envolvido afirma não ter feito nada de errado. “Que agredi, o quê! Você está me provocando? Vai fazer denúncia. Vai fazer denúncia”, esbravejou retirando a identificação da lapela, quando uma jovem perguntou-lhe o nome. “Por que você quer ver meu nome? Não quero mostrar o meu nome”, disse o policial, que negou ter sido preconceituoso na abordagem “O que você sabe de racista? O que você está falando de racista? Ele me desacatou”, respondeu ele ao ser questionado sobre a maneira como agiu.
Os dois casos estão sendo largamente debatidos nas redes sociais, além de divulgados por diversos meios de comunicação. Porém, não são os únicos episódios que têm o racismo como carro chefe já nesse ano de 2012.
Processo – O primeiro processo de racismo do ano foi instaurado em São Paulo. No fim de dezembro, um menino negro de 6 anos foi expulso de uma pizzaria, na zona sul da capital paulista. O garoto etíope foi retirado à força por um funcionário, enquanto os pais adotivos, espanhóis, se serviam no buffet. O casal encontrou o filho na calçada e registrou um boletim de ocorrência. Na semana passada, uma manifestação pacífica foi feita em frente ao restaurante, pedindo o fim do racismo.
Futebol – No futebol, parece haver uma onda de preconceito racial. Em Londres, na Inglaterra, uma investigação será iniciada depois que o atacante uruguaio Luis Suárez, do Liverpool, foi punido com oito partidas de suspensão e multa de 40 mil libras, cerca de R$ 115 mil, por insultos racistas contra o francês Patrice Evra. Já o zagueiro inglês John Terry, do Chelsea, foi acusado de insultar o compatriota Anton Ferdinand também por preconceito racial.
Na semana passada, o defensor Tom Adeyemi, do Oldham chorou ao receber palavras racistas de um torcedor. O atacante francês Louis Saha, do Everton afirmou em seu perfil no microblog Twitter, que na semana passada recebeu insultos racistas através da rede social.
Na Espanha, ofensas racistas foram dirigidas ao brasileiro Daniel Alves, durante o jogo entre Espanyol e Barcelona. Torcedores do Espanyol imitaram macacos quando o brasileiro dominava a bola. O próprio Daniel Alves reclamou de sofrer preconceito no ano passado.
Foto, reprodução TV Bandeirantes. Veja vídeo aqui.