Por André Forastieri – A PM é um aborto legal. É criação ditatorial. Polícia é um serviço como qualquer outro. Tem que se submeter às leis e à Justiça, como qualquer outro departamento público. O policial é tão funcionário público quanto um enfermeiro ou um professor. É um cidadão como você e eu. O que serve para um tem que servir pra todos – princípio básico da democracia.
Mas a PM é militar. Segue regras militares e é julgada pela Justiça Militar, garantia de impunidade para aprontadas. Sendo militar, por definição não tem direito a greve.
Desde que existe Exército, soldado tem que lutar, nem que na marra, e quem se recusa sempre foi severamente punido, muitas vezes com pena de morte. Se não a debandada era geral, né? Viu o inimigo chegando com forças superiores, dá licença, vamos entrar em greve…
Se os policiais militares brasileiros querem ter direto a greve – o que é muito justo – precisam abdicar de serem militares. Não dá pra querer ter diretos civis e militares ao mesmo tempo. Qualquer grupo civil pode muito bem ocupar a Assembleia Legislativa da Bahia. A PM não tem esse direito.
A reivindicação dos PMs é a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional 300, que estabelece um piso salarial nacional para eles. Cobram aprovação para já. O governo diz que só em 2013, por causa de cortes orçamentários. Os tiras dizem que Dilma volta atrás em promessa de campanha.
O governo diz que não tem grana agora. Mentira. O governo tem dinheiro pra fazer estádio pra Copa e emprestar para Cuba reformar seu porto, claro que tem dinheiro pra aumentar a polícia. Não interessa.
A PM é o cão de guarda das autoridades. Na hora de tirar estudante da USP, de tratar craqueiro na porrada, de invadir Pinheirinho, os policiais obedecem aos comandos sem pestanejar – "estamos apenas cumprindo ordens".
Pois a Justiça baiana decretou a ilegalidade do movimento grevista. Agora não obedecem a Justiça, por que querem aumento? Piada.
Os policiais têm uma missão importantíssima. Precisam de salários, treinamento e cobrança à altura de suas responsabilidades. Só assim vão conquistar o respeito que merecem, e serem de fato integrados à sociedade brasileira. Para isso, o Brasil precisa dissolver as polícias militares. Polícia, só civil.
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