Depois de dez dias acampados, os cerca de 300 policias militares que ocupavam a Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) deixaram o local pacificamente por volta das 6h da manhã desta quinta (09). A desocupação foi feita logo após a divulgação de gravações telefônicas autorizadas pela justiça, onde líderes do movimento combinavam atos de vandalismo e extensão da paralisação em outros estados.
As primeiras a sair foram as mulheres que acompanhavam os militares e em seguida, os policiais em greve. As forças de segurança colocaram ônibus à disposição, mas a maioria deixou o local em seus próprios veículos, que antes de deixar o Centro Administrativo da Bahia (CAB), foram revistados pela Polícia Federal. As informações são da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-Ba).
O governo da Bahia informou que está avaliando a situação para depois divulgar um comunicado oficial. A SSP-Ba também não terminou o balanço, mas informou que deve realizar uma entrevista coletiva ainda nesta quinta (09). Já os policiais militares que estão parados se reuniram no Quartel dos Aflitos, para definir os rumos do movimento.
Motim – A paralisação dos PM’s na Bahia começou no último dia 31 de janeiro com a reivindicação da criação de um plano de carreira, pagamento da Unidade Real de Valor (URV), adicionais de periculosidade e insalubridade, gratificação de atividade policial incorporada ao soldo, anistia, revisão do valor do auxílio-alimentação e melhores condições de trabalho, entre outros pontos.
Todas as tentativas de negociação foram rechaçadas, principalmente porque os PM’s do movimento insistiam na anistia a 12 integrantes do movimento que tiveram a prisão decretada pela Justiça.
Prisco e Daciolo – O ex-PM Marco Prisco, líder do movimento e presidente da Associação de Policiais, Bombeiros e de seus Familiares (Aspra) saiu preso. Prisco exigiu sair pelos fundos da Assembleia, para evitar o contato com a imprensa. Além dele, foi detido o policial Antônio Angelim. Ambos estavam na lista dos 12 integrantes do movimento que tiveram mandados de prisão expedida pela Justiça na quinta passada (02). Cinco dos mandados já foram cumpridos. Os presos foram encaminhados para a Polícia do Exército, na capital baiana.
Também foi preso, ainda na noite de quarta (08), o cabo Benevenuto Daciolo, do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, acusado de crime militar. O cabo foi transferido para o presídio Bangu 1, na Zona Oeste do Rio e segundo coronel Sérgio Simões, comandante do Corpo de Bombeiros e secretário de Defesa Civil do Rio de Janeiro, a transferência é uma medida de segurança, para evitar uma possível invasão da Quartel General da corporação, onde o cabo esteve incialmente.
Na quarta (08), a Polícia Federal prendeu a soldado Jeane Batista de Souza, que não estava entre os 12 que tiveram mandado de prisão expedido pela Justiça, mas teria conspirado para invadir o Batalhão de Choques da Polícia Militar, que fica no Complexo Penitenciário de Mata Escura onde a soldado é lotada. A PF descobriu o esquema através de escutas telefônicas autorizadas.
Ilegalidade – Nesta quarta (08), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello afirmou a ilegalidade da greve de policiais militares, devido ao disposto no artigo 142 da Constituição que estabelece que ao militares são proibidos de sindicalização e de fazer greve. "A greve é um tema social. Mas, neste caso, ela é inconstitucional, é ilegal. Se viesse uma lei legitimando o direito de greve de militares, ela fatalmente cairia no STF, seria julgada inconstitucional", disse o ministro.
Foto, reprodução Globo News.