Do G1 – O policial militar João Dias Ferreira, delator do suposto esquema de corrupção no Ministério do Esporte que levou à demissão do ex-ministro Orlando Silva, foi promovido de soldado a cabo da Polícia Militar do DF, de acordo com portaria do Comando Geral da PM desta terça-feira (31).
Segundo a PM, o salário-base de um cabo é de R$ 4.550 – R$ 200 a mais do que o salário de soldado, posto que João Dias ocupava antes da promoção. O G1 procurou o advogado de João Dias, mas não obteve retorno até a publicação.
A mudança de posto foi anunciada nesta segunda (30) pelo governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. Ao todo 2,8 mil PMS foram promovidos ao custo de R$ 7 milhões ao ano na folha de pagamento.
De acordo com o corregedor da PM, Coronel Jahir Lobo Rodrigues, Dias está afastado e responde a duas sindicâncias por atividades supostamente irregulares no aspecto disciplinar. Além disso, ele foi autuado com base no Código Militar por agressão após ter invadido o Palácio do Buriti, em dezembro do ano passado.
Na ocasião, ele foi preso na sede do governo do DF ao levar uma sacola com dinheiro ao gabinete do secretário de Governo, Paulo Tadeu. Segundo Dias, o dinheiro – R$ 200 mil – teria sido deixado na casa dele por “emissários do governo” na noite anterior para que deixasse de fazer denúncias contra o governo do DF. Na época, Tadeu negou envolvimento com o caso.
O coronel Rodrigues afirmou que os processos disciplinares a que Dias responde dentro da corporação ainda não foram concluídos, o que não impede a promoção. “Não tem nada em definitivo julgado contra ele, nem mesmo os danos ou problema psíquicos psicológicos. Enquanto não tiver nada contra ele, ele tem direito de progredir. Se ele faz jus, se ele já tem tempo para ser promovido, será promovido”, afirmou.
Em 2011, João Dias se envolveu em várias polêmicas relacionadas ao governo do DF. Em dezembro, ele tentou ser recebido por Agnelo, mas foi impedido por seguranças do Palácio do Buriti. Após bater boca com um major da PM, ele foi levado à delegacia para prestar depoimento
Em novembro, a TV Globo divulgou trechos de conversa do governador Agnelo Queiroz com o policial. João Dias chegou a ser preso acusado de desvio de dinheiro. Dias antes da prisão, ele ligou para pedir ajuda de Agnelo para se defender.
Durante a Operação Shaolin, da Polícia Civil do Distrito Federal, João Dias chegou a ser preso. A operação investigou desvio de dinheiro do programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte.
Denúncias
O suposto esquema de corrupção no Ministério do Esporte foi revelado por Dias em entrevista à revista "Veja" em outubro. De acordo com a reportagem, Dias afirmou que o então ministro do Esporte, Orlando Silva, participou de suposto esquema de desvio de dinheiro da pasta.
Orlando Silva, que deixou o cargo devido às denúncias, sempre negou envolvimento com irregularidades. Em nota divulgada na época em que o caso foi tornado público, Silva disse que a denúncia era "falsa, descabida e despropositada".
Na entrevista para a revista, Dias afirmou que o ministro teria comandando um esquema de desvio de verbas do programa Segundo Tempo, de incentivo à prática esportiva entre crianças e adolescentes. Conforme a revista, o suposto esquema teria desviado cerca de R$ 40 milhões da pasta nos últimos oito anos.
João Dias foi candidato a deputado distrital em 2006. Preso em abril do ano passado, ele é suspeito de desviar R$ 2 milhões do programa Segundo Tempo por meio de entidades esportivas que ele comandava.
Fonte: G1