A deputada Celina Leão (PPS), esperneou, xingou e até ameaçou, mas não é mais a presidente da CLDF. Ontem (23), em pronunciamento no plenário da Câmara Legislativa, ela acusou o governador Rodrigo Rollemberg de uma “trama política” em “conluio” com a deputada Liliane Roriz (PTB), mas a verdade é que ela cavou sua própria cova. Mal orientada, e com uma assessoria “analfabeta” como ela mesma revelou, acabou caindo no conto do eu tudo posso “no seu santo nome em vão”.
Além de Celina, Raimundo Ribeiro (PPS) e o Bispo Renato (PR) também foram afastados de seus cargos na Mesa Diretora por decisão judicial, e foram depor coercitivamente na Polícia Civil, após a divulgação, na semana passada, das gravações feitas pela ex-vice-presidente da Casa, Liliane Roriz, que revelou um suposto esquema de pagamento de propina em aprovação de emenda que garantia o pagamento de UTIs por parte do GDF. Os distritais orientados por seus advogados ficaram em silêncio.
Em seu pronunciamento Celina cobrou: “Cadê a materialidade da denúncia feita pela deputada Liliane Roriz, que já recebeu três condenações em ações penais? “.. A presidente afastada chamou Liliane Roriz de “picareta” e disse que ela é a autora da emenda que garantiu a mudança de destinação de cerca de R$ 30 milhões do Orçamento. A deputada advertiu que é favorável à investigação das denúncias, ressaltando que é preciso “apurar tudo” e anunciou que a Mesa Diretora vai recorrer da decisão do afastamento.
Ao chamar atenção para o fato de que quase todos os membros afastados da Mesa Diretora serem de oposição ao governador, Celina Leão fez duras críticas contra Rodrigo Rollemberg, acusando-o de estar por trás da denúncia feita pela ex-vice-presidente da Casa, “que está no buraco e quis jogar a Câmara Legislativa no buraco”.
A distrital reclamou também do deputado distrital Chico Vigilante (PT), acusando-o por ter apresentado denúncia à imprensa que um servidor do seu gabinete saíra escondido ontem à noite carregando um computador. Ela negou o fato (“nem uso computador”) e anunciou que vai apresentar uma representação por quebra de decoro contra o parlamentar.
O deputado Raimundo Ribeiro, titular afastado da Primeira Secretaria, também se defendeu com indignação, enfatizando que o “escândalo” foi criado com a divulgação de “áudios pinçados e editados” pela deputada Liliane Roriz. “Se foi ela própria (Liliane Roriz) quem propôs a emenda, ou ela tratou antes de algo que não recebeu, ou é doida” – alertou o parlamentar, ao advertir que “se há alguém por trás desse embuste o nome dele é Rodrigo Rollemberg”. Ribeiro disse ainda que “os vagabundos que promoveram tudo isso vão pagar caro”.
Também o deputado Bispo Renato Andrade, afastado do comando da 3ª Secretaria, disse ter sido vítima de “injustiça”. Ele lamentou o fato de ver a Câmara Legislativa “invadida” pela polícia civil, reclamou de não terem respeitado a morte recente da sua mãe e criticou a forma como as denúncias “ardis” foram apresentadas, causando-lhes uma situação constrangedora. “Vou continuar exercendo meu trabalho de apuração na CPI com muita independência”- exortou.
“Endosso” – O líder do PT, deputado Wasny de Roure, disse aos colegas que como o projeto da emenda de R$30 milhões foi sancionado pelo governador, o “endosso se tornou efetivo”. O parlamentar advertiu que “essa interação” precisa ser elucidada no processo de investigação defendido por seu partido.
Já o deputado Chico Vigilante (PT) rebateu as críticas feitas por Celina Leão, defendendo que “a melhor coisa a se fazer agora é apurar tudo, passar a limpo”. Em relação à denúncia de retirada de um computador que supostamente pertenceria ao gabinete da distrital, o distrital disse que o fato também precisa ser investigado. Ele manifestou confiança no trabalho desempenhado pelo Ministério Público e Tribunal de Justiça.
“Cachimbo da paz” – Ao lamentar o clima de tensão entre os deputados distritais, Lira (PHS) fez um discurso de defesa da instituição Câmara Legislativa, criticando aqueles que defendem a sua extinção, em momentos de crise. “Vamos apagar o incêndio e fumar o cachimbo da paz”, pregou aos colegas. Já o distrital Agaciel Maia (PTC) fez um apelo para que os distritais mantenham as votações em plenário, defendendo a necessidade de votação dos projetos “dos puxadinhos”, como de “grande interesse da sociedade”.
Com informações da CCS