Estudantes do ensino fundamental e médio de escolas do Distrito Federal participaram da 6ª Marcha Mundial do Clima, em Brasília. Cerca de 50 alunos desceram a Esplanada dos Ministérios carregando faixas com frases pedindo medidas para conter as mudanças climáticas. “Reunidos podemos fazer a diferença”, comenta Emily Torres, 13 anos.
Emily e outros jovens da rede pública do Distrito Federal foram preparados em sala de aula para a marcha. “Essa é uma causa internacional, já há alguns anos tem ocorrido várias conferências mundiais e, infelizmente, os resultados ainda são muito pequenos em relação à necessidade que nós temos de rever as políticas que estão sendo aplicadas”, disse a professora de sociologia Márcia Helena de Araújo Galina.
“Aqui, no Brasil, o que nós estamos observando são períodos de seca muito longos em algumas regiões e quando a chuva vem, ela vem arrastando tudo. Há um desequilíbrio climático. A gente precisa rever o que está acontecendo e o que não foi feito pra poder frear esses acontecimentos que afetam a todos”, completa.
O professor Roberto Ferdinand, um dos responsáveis pela coordenação da marcha, afirma que o principal objetivo da mobilização é lutar pelo equilíbrio do clima. “Essa marcha ela acontece todo ano em 100 países simultaneamente com o objetivo de fazer com que a sociedade tome consciência da emergência que estamos enfrentando. Se não cortarmos 50% da emissão de gases [de efeito estufa] em três anos, a temperatura média vai subir de 4 a 8 graus. As estimativas apontam para a morte de um bilhão de pessoas por grau. Vai ser uma tragédia”, alerta Roberto.
Junto com representantes de organizações da sociedade civil, a coordenação da marcha entregou para a presidência da Câmara dos Deputados e para a Embaixada dos Estados Unidos um manifesto de alerta para o problema do aquecimento global. Entre as medidas propostas no documento estão o aumento da meta brasileira de redução dos gases de efeito estufa, a substituição do modo de produção de energia e o fortalecimento da agroecologia.
Segundo o professor Roberto Ferdinand, a expectativa é que as autoridades se sensibilizem para tomar medidas efetivas de controle da temperatura global. “A ONU [Organização das Nações Unidas] deu até 2020, mais três anos, para a gente cortar 50% das emissões dos gases de efeito estufa do planeta. Há dinheiro e há tecnologia, o que não há é vontade política”, critica o professor.
COP 22
A Marcha Mundial do Clima ocorre na mesma semana da Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP 22), no Marrocos. Desde a última segunda-feira (7), líderes de mais de 190 países estão reunidos para debater medidas e firmar compromissos de redução das emissões de gases do efeito estufa e manter o nível de aquecimento da temperatura global abaixo de 1,5ºC. A meta foi firmada no chamado Acordo de Paris, ocorrido ano passado. Na ocasião, o Brasil firmou o compromisso de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025.