O judiciário raramente se permite ser criticado, mesmo quando está errado. “Os juízes e o Ministério Público tomaram conta do Brasil e por meio da defesa dos interesses públicos, reforçam suas conquistas corporativas”, disse o cientista político Luiz Werneck Vianna, da PUC do Rio de Janeiro. Para consagrar a tese do corporativismo dos “tenentes de toga”, como diz o cientista, a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) divulgou hoje (24) uma nota repudiando as atitudes ofensivas de políticos ao juiz federal Sérgio Moro em decorrência da condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Causa indignação a utilização da imunidade parlamentar para desferir ofensas a quem está cumprindo a sua função constitucional de aplicar a lei ao caso concreto”, diz a nota, assinada pelo presidente da Ajufe, Roberto Carvalho Veloso.
Para a Ajufe, o inconformismo contra as decisões judiciais deve se dar com os recursos judiciais postos à disposição das partes e não por meio de agressões verbais. A associação também diz que as tentativas de enfraquecer e intimidar o Poder Judiciário têm como objetivo a impunidade das infrações penais que tanto afligem o Brasil.
“A Ajufe continuará firme na defesa da apuração dos fatos apontados como criminosos, com a consequente punição de todos os que se locupletaram com a prática ilícita, não havendo nenhuma possibilidade de cerceamento da independência judicial para o julgamento dos processos”, disse. Não se trata de independência, se trata única e exclusivamente de corporativismo que não leva em conta os erros do juiz em questão. A Ajufe não faz uma analise das teses estapafúrdias do juiz federal Sérgio Moro, apenas o defende-o sem auto-critica. A falta de prova não interessa para entidade, apenas a defesa do seu “coleguinha”.