Elites políticas populistas e midiáticas, a cara do Brasil 2018.

Publicado em: 24/11/2017

Por Maria Alice Campos

De Lisboa

Recebi um jingle da Campanha do Lula, por sinal de excelente bom gosto, sem dúvida o marketing político no Brasil tem se especializado para alcançar os corações dos eleitores. Porém é triste imaginar que um partido como o dos Trabalhadores, com tantos anos no governo tenha em Lula sua única melhor solução para “arrumar a casa”.

Depois de todos estes anos de governo de esquerda, Lula não fez sucessores que atendam as expectativas do povo ou foi a política do “ego” não o permitiu fazê-lo. É uma infelicidade não haver quem possa zelar pelos ideiais de um país mais justo e igualitário, sem termo que recorrer a um ex-presidente. Se ganhar as eleições, espero que junto a ele não siga um bando de sanguessugas da nação, que invadem os mais variados escalões do poder.

Assisti ao discurso do Lula no Congresso do PCdoB, como sempre a agir como diplomata, tendo em vista a candidatura da Manuela D’Ávila, que creio estar se firmando para um voo maior em 2022. Manuela também pode ser a opção da esquerda, no caso de algo dar errado e o Lula ficar inelegível. Não podemos esquecer que no atual cenário, onde os demais candidatos que aparecem, estão com um elevado índice de rejeição, talvez, Manuela tenha boas chances, embora a mídia ainda não a tenha incluído nas pesquisas de intenção de voto.

O PSDB deve vir com o Geraldo Alckmin, que merece atenção. Gostem ou não as esquerdas, esse pode dar trabalho ao Lula, é um político experiente. Quanto ao Bolsonaro, só vejo o reflexo do discurso que elegeu Trump presidente dos EUA e fez de Hitler o líder de uma das nações mais inteligentes e poderosas. É preciso tomar cuidado com os extremos, é nos extremos que se encontram todas as falanges de intenções.

Já a possível candidatura de Luciano Hulk me fez lembrar meia dúzia de outros candidatos, que se elegem as custas de uma mídia, que no Brasil faz o que quer. Considero perigoso que um individuo se use da imagem publicitária, de fazer merchandising em mídia privada, para alcançar audiências eleitorais.

Há outros candidatos elencados pela mídia privada como possíveis opções, mas tudo um jogo de poder e informação, para nublar visões. Não esqueçamos que mídia no Brasil é um espaço não regulado, que se assemelha a terra de ninguém, muitas vezes pernicioso. O país só mudará quando a educação for também para os meios de comunicação, com a regulação da mídia e políticas de comunicação comunitária. Quando Dilma quis transformar a pátria em educadora, bem vimos o que ocorreu. Mas, se para mudar, é preciso educar, dialogar e garantir a argumentação pública, porque democracia não é para alguns.

No Brasil, onde a mídia é um elemento de força na campanha política, temos de lembrar que Lula almoçava com os Marinhos, quando lhe convinha, enquanto os defensores da democratização da comunicação acreditavam em mudanças.

Os candidatos a presidência começam a mostrar sua cara ao desafio 2018, porém o que vejo é o reflexo de um país que vive e sobrevive a construir elites políticas populistas e midiáticas, mas sem conseguir enxergar uma mudança realmente significativa.

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