De Lisboa
A decisão de Donald Trump de reconhecer Jerusalém como a capital de Israel é como acender um fósforo em um tanque de combustível e esperar que ele não exploda. A soberania israelense sobre Jerusalém nunca foi reconhecida internacionalmente e todos os países mantinham suas embaixadas em Tel Aviv.
Jerusalém é uma cidade dividida entre as três principais religiões monoteístas do planeta,- judaísmo, islamismo e cristianismo, com sitios sagrados.
Jerusalém Oriental, que inclui a Cidade Velha, foi anexada por Israel após a Guerra dos Seis Dias de 1967, mas antes disso, não foi internacionalmente reconhecida como parte de Israel.
O tema é destaque da impressa europeia e as manchetes dos jornais árabes e turcos estão cheias de críticas e expressões de consternação em resposta à essa decisão.
Na imprensa israelense, há aqueles que dizem que é algo não deveria ter demorado décadas e fazem afirmações de agradecimento a Trump. Por outro lado a visão da imprensa palestina vai desde acusar de ser a “bofetada do século”, citar porque não deveriam lançar uma revolta e retornar a negociações duradouras ou apostar em realizações políticas e não em uma terceira intifada”.
Canais de notícias da televisão árabe estão abrindo uma cobertura especial informando sobre a reação internacional e refletindo sobre o lugar de Jerusalém na cultura árabe.
No Egito, os jornais falam de “Anunciando a morte dos árabes”.”Trump dá o que ele não possui para aqueles que não o merecem”.
Na Turquia, os artigos acusam Trump de “louco” e “derramando gasolina em chamas”.
Dezenas de palestinianos ficaram feridos em confrontos em Gaza e em várias localidades da Cisjordânia.
Em Tunes, capital da tunisina, várias centenas de pessoas responderam à convocação dos partidos de esquerda e de grupos islâmicos e protestaram contra a decisão de Trump. Manifestações ocorreram a frente dos consulados dos EUA em Istambul, na Turquia e na Jordânia. Os palestinos desligaram as luzes de Natal na cidade de Belém, na Cisjordânia, local de nascimento tradicional de Jesus.
A primeira-ministra britânica, Theresa May, disse que não estava de acordo com a decisão dos EUA, que era “inútil em termos de perspectivas para a paz na região”.
O presidente francês, Emmanuel Macron, e a chanceler alemã, Angela Merkel, disseram que seus países não apoiaram a mudança.
A UE expressou “séria preocupação” com essa decisão.
A imprensa alerta sobre esta decisão e há uma espectativa sobre o que ocorrerá nas próximas horas.