Revista Fórum – Foi criada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) pelo Congresso do Paraguai para apurar a atuação do presidente Mario Abdo Benítez e do vice-presidente Hugo Velázquez no acordo para renegociação da venda de energia de Itaipu. A CPI vai investigar supostos privilégios à empresa brasileira Léros, ligada ao empresário Alexandre Giordano, suplente do senador Major Olímpio (PSL-SP).
Segundo o senador Eusebio Ramón Ayala, do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), nomeado para compor a comissão, existem indícios de que a Léros recebeu tratamento preferencial em relação às demais empresas que demonstraram interesse à Administração Nacional de Eletricidade (Ande, a Eletrobrás paraguaia) em intermediar a venda da energia excedente para o país vizinho.
“Vamos investigar a ata (que sacramentou o acordo), todo o trabalho prévio, consequências e conexões com a Léros”, disse Ayala, integrante da oposição, ao Estado. Há suspeita de que a empresa buscasse monopólio na revenda no mercado brasileiro de uma cota de 300 MegaWatts de potência de Itaipu.
Em mensagens trocadas entre Pedro Ferreira, ex-presidente da estatal elétrica Ande, e o advogado José Rodríguez González, assessor jurídico informal da vice-presidência do Paraguay, é possível identificar o envio de uma carta de intenções, em nome da Léros – empresa ligada ao clã Bolsonaro – ao empresário Alexandre Giordano, suplente do senador Major Olímpio (PSL-SP). A empresa brasileira é acusada de ter se beneficiado do acordo secreto de renegociação entre Brasil e Paraguai no dia 24 de maio, que pode resultar no impeachment do presidente paraguaio, Mario Abdo.
A CPI composta de dez parlamentares deve ser oficialmente instalada na próxima semana depois que o Partido Colorado, governista, indicar seus nomes. Segundo pessoas que acompanham a investigação aberta pelo Ministério Público do Paraguai, a Léros é a única das empresas que demonstraram interesse pelo negócio a ser citada nas mensagens enviadas pelo advogado José “Joselo” Rodríguez, que se apresentava como assessor jurídico do vice-presidente (Velázquez), ao ex-presidente da Ande, Pedro Ferreira, que renunciou por discordar dos termos do acordo, considerado no Paraguai como lesivo ao país.
Com informações do Estadão e Revista Fórum