O vazamento de chorume no aterro sanitário de Samambaia repercutiu entre alguns deputados distritais, na sessão ordinária da Câmara Legislativa do Distrito Federal desta quarta-feira (12). O deputado Leandro Grass (Rede) aproveitou o episódio para fazer uma crítica às políticas socioambientais do GDF. Segundo Grass, a desordem do governo tem comprometido recursos naturais.
O parlamentar informou que recebeu hoje um diretor do SLU, que explicou as ações do órgão para evitar que o vazamento do chorume fosse mais grave. Apesar disso, segundo ele, ficou sabendo que a Caesb deixou de tratar o chorume. “Ainda não há no governo uma visão de médio e longo prazo sobre o aproveitamento de resíduos sólidos e orgânicos”, lamentou.
Leandro Grass pediu o apoio dos colegas para derrubar um veto do governado ao projeto de lei nº 355/2019, que trata da obrigatoriedade de reciclagem de resíduos sólidos orgânicos. Para ele, o correto aproveitamento dos resíduos orgânicos ajudaria a baratear os custos de produção agrícola e aliviaria os aterros sanitários, entre outras vantagens.
Representação – O deputado Delmasso (Republicanos) também abordou a questão e informou que entrou com uma representação no Tribunal de Contas do DF pedindo investigações sobre os responsáveis pelos possíveis erros de cálculo no tamanho das lagoas de contenção de chorume no aterro de Samambaia. De acordo com o distrital, desde o fechamento do chamado lixão da Estrutural, havia questionamentos de que as lagoas de contenção do aterro sanitário de Samambaia só aguentariam dois anos, pois não levaram em consideração o índice pluviométrico. “Infelizmente, o que se temia aconteceu. Agora o governo teve que fazer contrato emergencial para construir novas lagoas. Há estudos que dizem que este vazamento poderia prejudicar inclusive córregos da região”, lamentou ele.
Agrotóxico – Ainda na sessão desta quarta-feira, a deputada Arlete Sampaio (PT), líder do bloco democracia e resistência, apresentou um estudo da Associação Brasileira de Saúde Coletiva demonstrando que o governo federal perde por ano, ou deixa de receber, por conta de isenções fiscais, em torno de R$ 10 bilhões por ano das empresas que produzem e vendem agrotóxicos. Este montante, segundo ela, é quatro vezes o orçamento do ministério do Meio Ambiente e duas vezes o que o SUS gasta por ano com o tratamento dos pacientes com câncer.
Arlete apontou ainda que além da isenção fiscal, as empresas de agrotóxicos receberam R$ 358 milhões por meio de empréstimos de programas públicos do BNDES e Finep. “É assustador. No ano passado, o governo liberou mais de 300 agrotóxicos para envenenar nossa comida. Evidentemente que isso vai ocasionar problemas de saúde importantes em quem manipula estes produtos e em quem consome os alimentos”, criticou a distrital.
Na opinião do deputado Leandro Grass (Rede), a liberação dos agrotóxicos afeta todas as cidades do Brasil e representa “uma guerra entre o interesse econômico e quem quer viver sem se contaminar com alimentos intoxicados”. Segundo Grass, no DF, também estamos tendo uma diminuição drástica das abelhas, por causa de um ingrediente presente nos agrotóxicos. “É algo gravíssimo. Estamos comendo veneno todos os dias, infelizmente”, disse.
Luís Cláudio Alves