Amazônia: pressão internacional faz paralisar acordo Biden-Bolsonaro

Publicado em: 18/04/2021

Boston – A pressão da sociedade brasileira com o apoio da comunidade internacional fez paralisar o acordo entre os presidentes dos Estados Unidos e do Brasil de repasse de recursos para acabar com o desmatamento illegal na Amazônia. Jair Bolsonaro quer bilhões de dólares adiantados dos EUA e de outras nações ricas para proteger sua floresta amazônica, um baluarte natural crucial na luta contra a mudança climática.

Mas líderes indígenas, ativistas climáticos e um grupo de senadores democratas dos EUA advertiram o presidente norte-americano Joe Biden para não entregar nenhum dinheiro ao governo de Jair Bolsonaro– um presidente populista de extrema direita, sob o qual o desmatamento aumentou.

Ambas as administrações, Biden e Bolsonaro, esperavam chegar a um acordo que seria anunciado esta semana durante a reunião da Cúpula de Líderes sobre o Clima a ser realizada nos dias 22 e 23 de abril na Casa Branca. Mas as negociações estagnaram, após o gabinete de Biden receber especialmente uma carta de senadores democratas norte-americanos alertando Biden que essa ajuda deveria ser condicionada a certos compromissos para qualquer repasse de recursos.

O próprio ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro, Ricardo Salles, adnitiu à imprensa internacional neste fim de semana que o acordo não será mais anunciado na reunião da cúpula do clima, mas que as negociações com os EUA continuariam. O Ministro do Meio Ambiente dos Estados Unidos, John Kerry, tuitou dizendo que “O compromisso do presidente Jair Bolsonaro com a eliminação do desmatamento ilegal é importante. Esperamos ações imediatas e envolvimento com as populações indígenas e a sociedade civil para que este acordo possa produzir resultados tangíveis .”

Mas a maior razão da pressão para esses acordo não se realize é que “simplesmente não se pode confiar no atual governo brasileiro”, como disse à imprensa internacional, a coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Sonia Guajajara. Enquanto isso, o grande líder indígena Raoni Metuktire lançou um video nas mídias sociais instando Biden a ignorar a promessa de Bolsonaro de reduzir o desmatamento ilegal a zero até 2030 se seu governo receber financiamento dos EUA.

Ambientalistas observaram que a meta de 2030 já havia sido prometida pelo Brasil ao assinar o Acordo de Paris em 2015, sob a então presidente Dilma Rousseff. Mas, desde então, o desmatamento continuou a aumentar ano após ano. O que significa que a questão em si não é de fácil solução.

Fonte: Al Jazzerra e AP

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