De Boston – A agência norte-americana Reuters repercutiu ontem em machete, comentários sobre o desdém do presidente Jair Bolsonaro aos apelos feitos pelo top dos poderes Judiciário e Legislativo para abandonar sua rivalidade com ministros da Suprema Corte Federal.
A Reuters distribuiu um comentário assinado através da sua rede de noticias, sobre o xingamento que o presidente Bolsonaro fez ao ministro Luis Roberto Barroso, também presidente do Tribunal Superior Eleitoral, chamando-o de “filho da puta”, em meio a tensões crescentes sobre suas reivindicações infundadas que o sistema de votação é vulnerável a fraudes.
A Reuters qualificou o presidente Bolsonaro como “um presidente de extrema direita” ao repercutir o insulto que ele proferiu a “um juiz de primeira instância” durante uma transmissão ao vivo de seu encontro com simpatizantes em Florianópolis, compartilhada na conta do Facebook do presidente. A postagem foi posteriormente excluída, mas cópias continuaram a ser compartilhadas nas redes sociais.
A resposta imediata do ministro Barroso, que estava falando num fórum sobre sistemas eleitorais, foi também repercutida. O ministro disse polidamente que se suas ações estavam causando tanto incômodo, era um sinal de que ele estava fazendo seu trabalho corretamente.
A matéria cita que os críticos dizem que Bolsonaro, assim como o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, está semeando dúvidas caso perca a eleição presidencial do próximo ano. Ele ameaçou não aceitar o resultado se o sistema não for alterado.
Com sua popularidade caindo após supervisionar o segundo maior número de mortos no COVID-19 do mundo, as pesquisas de opinião mostram que Bolsonaro está atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, embora nenhum deles tenha anunciado oficialmente que concorrerão.
No início desta semana, o STF aprovou uma investigação sobre as acusações infundadas do presidente sobre fraude eleitoral. Na quinta-feira, no pior revés de Bolsonaro no Congresso desde que assumiu o cargo em 2019, um comitê da Câmara votou para arquivar uma emenda constitucional que ele está defendendo que teria adotado cédulas impressas.
A decisão e declarações do porta-voz da Câmara Federal, Arthur Lira, a seguir, foram também citadas pela Reuters. Lira decidiu apresentar ao plenário a emenda eleitoral controversa para o voto impresso. Ele explicou a decisão dizendo que uma resolução rápida é preferível porque as tensões políticas sobre o assunto estão atrapalhando a agenda legislativa do país.
A matéria ainda cita as declarações de um dos apagadores do incêndio criado por Bolsonaro, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que criticou o presidente da República por seus ataques ao STF e se ofereceu para mediar, dizendo que os insultos do presidente contra Barroso eram inaceitáveis.
Pacheco disse que Bolsonaro deveria respeitar os resultados da eleição do próximo ano, mesmo que ele não mude o sistema de votação totalmente eletrônico – que o presidente afirma infundadamente ser vulnerável a adulteração.
“Qualquer ameaça, por menor que seja, a esta democracia será prontamente rejeitada pelo Senado”, repercutiu a agência. O chefe do Senado disse que qualquer um que defenda uma “retirada democrática” ou a suspensão das eleições do próximo ano será visto como um “inimigo da nação”. “Eu penso que a maioria no Congresso neste momento deseja manter o sistema de votação eletrônica”, disse ele.