Em entrevista à Globo News, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) disse que a operação feita pela Polícia Federal em seu gabinete é uma “tentativa de intimidação” capitaneada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O parlamentar também desafiou o magistrado. “Se eu fui incluído como um possível suspeito de um ato antidemocrático, o ministro precisa ser incluído também, porque ele que me pediu para ir a essa reunião”, disse
“O senador se refere a uma reunião supostamente convocada por Jair Bolsonaro (PL) e o ex-deputado Daniel Silveira, na qual eles planejavam organizar um golpe de Estado. Do Val afirma que foi orientado por Moraes a comparecer à reunião com o objetivo de obter informações”.
“O senador comparou a situação que está passando com uma armadilha criada pelo ministro. É como se eu pedisse para você ir até um local onde há venda de drogas e perguntasse o que está acontecendo. Depois que você voltasse, eu o incluiria na investigação dizendo que você é um traficante”, afirmou durante a entrevista.
O senador Marcos do Val admitiu ter mentido para a imprensa e ter usado uma estratégia de persuasão para ter engajamento da imprensa para mandar as mensagens que ele precisava mandar, que era para os ministros. Ele contou que deu informações diferentes em cada entrevista de maneira proposital para “ludibriar o inimigo”1.
Durante a operação desta quinta, que vasculhou o gabinete do senador, apreendeu seu celular e bloqueou as suas redes sociais, Do Val teria se negado a prestar depoimento. Ele disse que a equipe jurídica do Senado vai cuidar de seu caso, porque “houve uma invasão, uma irregularidade”1.
De acordo com o senador, no depoimento que ele já havia prestado no bojo das investigações a que responde na Polícia Federal, é que está “a versão verdadeira, com detalhes até da roupa que todo mundo estava usando. O que foi dito para a imprensa não era nada oficial. Eu usei a estratégia da persuasão”1.
Nas redes sociais, Do Val vinha acumulando publicações nas quais acusa Moraes, Lula e Flávio Dino de terem prevaricado de propósito, em conluio, para armar uma “emboscada” para os manifestantes dos atos antidemocráticos do 8 de janeiro em Brasília. Na entrevista desta quinta, o senador reiterou suas publicações e disse que tinha em seu gabinete “documentos que colocam o STF e o TSE na lista da Abin”, aos quais Moraes queria ter acesso. “Estou enfrentando um sistema enorme sozinho, porque os outros senadores recuaram”, disse o senador.
