Durval Barbosa acusa Roriz – Ninguém fecha a Caixa de Pandora

Publicado em: 02/12/2011

Na mitologia grega, a caixa de Pandora é a origem dos males do mundo. Reza a lenda que Pandora recebeu de seu marido, Epimeteu uma caixa que ele tinha recebido dos deuses do Olimpo e que continha todos os bens e males do mundo e nunca poderia ser aberta. Não resistindo à curiosidade, Pandora abriu-a. Ela fechou a caixa rapidamente, mas só conseguiu conservar um único bem: a esperança. A Caixa de Pandora aberta há exatos 2 anos aqui no DF não parece um mito.

O delator da Operação Caixa de Pandora, Durval Barbosa, entrou em contradição e atacou o ex-governador Joaquim Roriz em depoimento prestado na última quinta (01), em audiência de instrução do processo movido pelo Ministério Público do Distrito Federal contra a deputada distrital Eurides Brito (PMDB). Durval sustentou que entre janeiro de 2003 e dezembro de 2006, desviou R$ 60 milhões de contratos de informática na Codeplan para a campanha de José Roberto Arruda, porém o governador do DF nesse período era Roriz.

Nos primeiros depoimentos que deflagraram a Operação, Durval sustentava que o suposto esquema de desvio de recursos havia sido montado em torno de Arruda. Ontem Edson Smaniotto advogado do ex-governador afirmou que o novo depoimento na 2ª Vara de Fazenda Pública do DF, será uma boa peça de defesa. “Alguém vai acreditar que Arruda mandava em Roriz? Todo mundo sabe que Arruda e Roriz eram inimigos políticos, tanto é que ele [Roriz] apoiou a candidatura da Maria de Lourdes Abadia (PSDB)”, afirmou Smanioto lembrando 2006, quando Abadia disputou com Arruda o comando do GDF.

O advogado de Arruda sustenta ainda que Durval Barbosa só envolve seu cliente, para livrar-se das penas com o benefício da delação premiada. Em nota, o advogado afirmou ser inverossímil o argumento de que Arruda mandava em seu adversário, Roriz e que isso é uma tentativa do delator para transferir a responsabilidade dos atos que ele próprio cometeu, no intuito de obter o prêmio da delação que tem contribuído para a sua impunidade.

Com o desbloqueio dos bens de Arruda, a 2ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do DF considerou que ele não poderia exercer ingerência sobre desvios de recursos ocorridos na gestão de Roriz. Na audiência de ontem, Durval acusou Roriz de autorizar o esquema de corrupção acrescentando que muitas denúncias envolvendo Roriz ainda virão à tona. Disse também que o governo Arruda gastava R$ 605 mil por mês para pagar deputados distritais da base aliada, episódio que ficou conhecido como “Mensalão do DEM” cuja existência é negada pela defesa.

Sobre Eurides Brito, Durval voltou a dizer que deu dinheiro a ela a pedido de Arruda. A ex-deputada nega e sustenta que pegou os recursos por orientação de Roriz, para pagar um evento de campanha. O Ministério Público do DF quer condenar Eurides por improbidade administrativa e caso isso ocorra, ela terá que devolver aos cofres públicos R$ 4,3 milhões, que é a soma do que ela teria recebido de Durval Barbosa, mais um valor considerado pelo MP a título de danos morais.

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