Abandono e transplante de órgão. Estamos falando de dois bebês do Distrito Federal, que na madrugada desta sexta (06) e com tão pouco tempo de vida, trazem reflexões das mais diversas. O abandono foi de um menino, de aproximadamente 10 dias de vida e pesando 3,3 kg, que foi encontrado por moradores de rua. O outro bebê, uma menina de 1 ano e 8 meses, recebeu em transplante, o coração de uma criança de 1 ano e 9 meses, que teve morte cerebral no Hospital das Clínicas de Niterói, no Rio de Janeiro.
Ambos passam bem, mas suas histórias tão diferentes uma da outra certamente vão marcar as vidas desses bebês. De um lado, uma criança é abandonada pela mãe biológica, por motivos completamente desconhecidos. Do outro, uma mobilização de médicos de dois hospitais, para trazer o coração de uma criança que teve morte cerebral, para outra que esperava pelo órgão na fila de transplantes.
Abandono – O menino foi encontrado por moradores de rua, que estranharam um movimento dentro de uma bolsa preta, jogada perto da garagem de um supermercado na quadra 402/403 na Asa Norte. Eles pediram ajuda a um casal de comerciantes que estavam em frente ao estabelecimento e quando abriram a bolsa, dentro estava a criança, enrolada em uma toalha.
Segundo informações do delegado, Silvério Andrade, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros foram acionados e levaram o menino para o Hospital Regional da Asa Norte (Hran). A criança passa bem e deve receber alta ainda hoje. O delegado informou que a polícia vai verificar se as câmeras de segurança nas redondezas captaram quando a criança foi deixada no local. Ainda de acordo com Silvério, se encontrada, a mãe pode perder a guarda da criança junto ao Conselho Tutelar. “A mãe também pode ser condenada de 3 a 6 meses de detenção pelo crime de abandono de incapaz, mas não cumpre a pena na prisão”, afirmou o delegado.
Transplante – A menina estava sendo tratada no Instituto do Coração do DF (ICDF), pois sofria de cardiomiopatia dilatada, um problema que faz o coração perder a função de bombear o sangue para o resto do corpo. Ela estava na fila do transplante há dois meses, desde que deixou de responder ao tratamento com medicamentos. O coração veio para Brasília através de um esquema de transporte entre os hospitais, com auxílio de uma aeronave C99 da Força Aérea Brasileira (FAB).
Em entrevista coletiva, a médica coordenadora de transplante cardíaco pediátrico do ICDF, Cristina Camargo Afiune, informou que a criança passa bem e deve permanecer internada por dez dias na unidade de terapia intensiva (UTI) e depois será acompanhada por 20 dias, na enfermaria. A criança vai receber medicação para evitar que o órgão seja rejeitado. Os médicos avaliam que a menina deve receber alta após um mês da cirurgia e após isto, passará constantemente por avaliações.