Após o comandante do Costa Concordia, Francesco Schettino, ser interrogado na manhã desta terça (17) no tribunal de Grosseto, e negar ter abandonado o navio, afirmando ainda que salvou milhares de vidas, a gravação de uma conversa entre a Guarda Costeira e Schettino comprova que o comandante deixou sim, a embarcação, antes de retirar todos os passageiros do navio.
O procurador do Ministério Público italiano pediu a confirmação da prisão preventiva do comandante, que deve responder por homicídio múltiplo por imprudência, naufrágio e abandono do navio. Os passageiros que estavam no navio deram entrada em um processo judicial contra a empresa proprietária do navio.
A empresa Costa Cruzeiros, proprietária do navio, acusou Schettino de fazer uma rota não autorizada, levando o navio para mais próximo da costa do que deveria. Ele queria aproximar-se da ilha Giglio, onde nasceu o chefe da tripulação, para fazer um agrado e saudar os habitantes com mais entusiasmo.
A tragédia – O naufrágio do Costa Concordia aconteceu na última sexta (13).
O navio levava mais de 4,2 mil passageiros e até agora, mais de 20 pessoas ainda estão desaparecidas. Havia 53 brasileiros a bordo. Até agora, o acidente já custou onze vidas A guarda costeira italiana encontrou mais cinco corpos nesta terça (17), próximos à ilha italiana de Giglio, no Mar Tirreno.
Quatro dias após o acidente, os socorristas continuam os esforços para tentar encontrar sobreviventes ou para resgatar os corpos dos mais de 20 passageiros ainda desaparecidos, quatro dias após o naufrágio. “A estratégia é inspecionar a última parte da área seca e recorrer novamente ao sistema sonoro para ver se ainda há sobreviventes”, explica Luciano Roncalli, comandante da equipe de resgate.
Outra preocupação é o risco de acidente ambiental, já que o Costa Concordia tem em seus depósitos mais de 2.300 toneladas de óleo combustível, mas por enquanto não foi registrado nenhum tipo de vazamento.
Gravação comprometedora – Confira a transcrição da gravação de conversa entre Scettino e o Comandante da guarda costeira:
Comandante do Porto: Por favor, regresse ao Navio, garanta-me que vai regressar ao navio.
Capitão do navio: Estou num salva-vidas. Estou aqui, não vou a lado algum. Estou aqui.
Comandante do Porto: o que está a fazer, capitão?
Capitão do navio: Estou a coordenar o salvamento.
Comandante do Porto: Mas o que é que está a coordenar daí? Vá a bordo, coordene a bordo. Está a recusar?
Capitão do navio: Não, não estou a recusar.
Comandante do Porto: está a recusar ir a bordo, capitão? Diga-me a razão pela qual não regressa ao navio?
Capitão do navio: Existe outro salva-vidas. (A barrar o caminho)
Comandante do Porto: Regresse ao Navio, é uma ordem . Não há nada que possa considerar. Declarou o abandono do navio, então eu assumo comando. Já já cadáveres.
Capitão do navio: Quantos mortos já existem?
Comandante do Porto: Não sei, ouvi falar de um morto. Mas você é que me deve dizer!
Capitão do navio: Não tem noção que aqui é escuro e que não vemos nada?
Comandante do Porto: O que é que quer? Ir para casa? Está escuro e quer regressar a casa? Faz uma hora que me repete o mesmo. Agora, regresse ao navio e diga-me quantas pessoas estão lá!
Capitão do navio: Sim, comandante.
Comandante do Porto: Vá, depressa!
Com informações da Euro News. Imagem, reprodução.