Entrevista do prefeito eleito de São Paulo, João Doria, no festival Piauí Globo News de Jornalismo:
“Coxinha” assumido e adepto da superficialidade, o prefeito eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), disse em entrevista a revista Piauí neste sábado (08) que espera que todos os brasileiros possam um dia usar roupa da marca americana Polo Ralph Lauren. Boçal, o ventríloquo de Geraldo Alckmin, disse ainda que resolveu não brigar com o apelido de “coxinha” usados pelos adversários na campanha, assumindo o apelido para eliminar os efeitos contrários.
A expressão serve para se referir ao estilo engomadinho de se vestir. Doria é adepto das calças e camisas justas, do sapatênis com micro meia e dos agasalhos de marca. A Polo Ralph Lauren é uma espécie de ícone do visual “coxinha”.
— Incorporei a coxinha e passei a experimentar todos os tipos coxinha. Ao invés de combater, eu assumi.
Dono de um patrimônio de R$ 170 milhões, o tucano também admitiu que foi na campanha que aprendeu a comer pastel de feria e tomar pingado em boteco.
— Aprendi que no pastel você precisa ter cuidado e dar uma mordidinha no meio antes, por causa do bafo, aquele calorzão. Essa lição eu aprendi. Com o pingado, eu aprendi a pegar no meio do copo, nunca por cima porque às vezes está muito quente.
O prefeito eleito foi indagado sobre um meme que circula na internet ironizando o modelo de uniforme dos alunos da rede municipal de ensino na sua gestão. Na brincadeira, os estudantes vestiriam camisa Polo Ralph Lauren, com uma grande estampa do jogador de polo símbolo da marca.
— Eu torço pelo bem-estar da população. Um dia quem sabe todos os brasileiros vão poder usar Polo Ralph Lauren — respondeu o tucano.
Ao final do evento, Doria tentou explicar a declaração:
— Eu disse que eu quero nivelar por cima. Eu não quero que o nivelamento seja por baixo. Que todos as pessoas tenham direito a habitação, a roupa, saúde, educação, a ter o seu automóvel , a ter uma profissão. É isso que eu desejo.
Sem querer se comprometer, o tucano não cedeu mesmo diante da insistência da plateia e, nas duas vezes em que foi perguntado se preferia Freixo ou Crivella, se limitou a dizer:
— No Rio, eu sou Rio.
Doria mostrou não se preocupar em ser classificado como um político de centro-direita.
— Não me enquadro em títulos. Até porque a população não está interessada nisso. Não acho que isso seja significativo para a política.
O tucano minimizou ainda o mal-estar que a sua escolha para ser o candidato do partido na eleição de São Paulo provocou dentro do PSDB. Contou ter recebido a generosidade de todos os tucanos depois da vitória, até do Ministro das Relações Exteriores, José Serra, amigo do candidato a vice na chapa de Marta (PMDB), Andrea Matarazzo, seu adversário nas prévias da legenda.
— Dentro doa critérios do chanceler Jose Serra, ele foi generoso.
O estilo conciliador foi deixado, porém, ao falar sobre um vídeo que gravou antes do início oficial da campanha em que chama o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de cara de pau.
— Lula de fato é um cara de pau — disse o tucano, acrescentando ter se indignado com uma declaração do petista de que não havia no Brasil ninguém mais honesto do que ele.
— Qualquer manifestação desse tipo terá o meu repúdio.
Ao final do evento, Doria revelou que, na reunião que terá no próximo dia 22 com o presidente Michel Temer, buscará recursos do governo federal para São Paulo.
— Vamos com pauta. Não faço só vista de cortesia. Vamos tratar de recursos para São Paulo, para área de Habitação, Mobilidade Urbana, Saúde e Educação.
Questionado sobre as dificuldades que o prefeito Fernando Haddad teve para conseguir recursos da presidente Dilma Rousseff, apesar de os dois serem colegas de partido, o tucano respondeu:
— O prefeito Fernando Haddad não foi bem tratado pela presidente Dilma..
De O Globo