Na noite da última terça (31), o jornalista Edmilson Edson dos Santos, conhecido como Edson Sombra, publicou em seu blog um vídeo gravado pelas câmeras de segurança de sua casa, que mostram o Onofre de Moraes, diretor-geral da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), chegando à casa do jornalista no último dia 28 de janeiro. A divulgação dos vídeos se deu logo após reportagens publicadas pela Revista Veja e Correio Braziliense.
No último fim de semana, a Veja publicou reportagem sobre a investigação contra Edson Sombra, aberta na Delegacia de Crimes contra a Ordem Tributária (DOT). Em seguida, Onofre deu entrevista ao Correio Braziliense rebatendo a matéria da Veja, afirmando que a delegacia iniciou, no fim do ano passado, a “Operação Voucher”, para apurar desvios fiscais de empresas de viagens e de publicidade. Entre as suspeitas, estaria a agência de turismo da mulher de Sombra, que tem a inscrição cancelada desde 2007, mas segundo Onofre, ainda atua pela internet.
Na entrevista ao Correio, Onofre desafiou Edson a divulgar as gravações mostrando o delegado oferecendo propina ao jornalista. Aceitando o desafio, Sombra publicou em seu blog um primeiro vídeo, que mostra a chegada do diretor da PCDF em sua casa logo após a publicação da reportagem de Veja e uma outra gravação, feita em 16 de junho do ano passado, cujo teor compromete Onofre, que aparece no vídeo criticando as denúncias contra Agnelo Queiroz (PT), quanto ao financiamento da campanha eleitoral para o governo do DF e em sua gestão no Ministério dos Esportes. O diretor da PCDF critica também Mailine Alvarenga, que na época dirigia a corporação, além de outros políticos.
As gravações – Na conversa divulgada por Sombra, estavam também o delegado Mauro Cezar Lima, que atualmente é diretor do Departamento de Polícia Especializada (DPE), além de um empresário e mais uma pessoa, que foram procurar o jornalista pedindo a publicação de reportagem com denúncias contra o governo. Onofre dá mostras de pleitear a sucessão a Mailine à frente da PCDF, afirmando já ter informado o GDF de suas pretensões, através de “Cláudio”, que segundo ele, seria seu interlocutor no Palácio do Buriti.
Sombra teria procurado Onofre no dia 19 de janeiro, pedindo a suspensão das investigações, pois estaria sofrendo perseguições, além de haver uma movimentação de policiais nos arredores de sua casa na 716 Norte. O diretor afirmou ao Correio que não poderia interromper nenhum tipo de investigação, mesmo tendo sido um pedido de “um amigo de mais de 30 anos”.
Em nota, o Moraes afirmou que procurou Sombra em sua casa no dia 28 de janeiro, para retribuir a visita na delegacia no dia 19 de janeiro e avisar ao jornalista que não é “objeto de perseguição por parte da Polícia Civil do Distrito Federal”.
Durval Barbosa e João Dias – Nesta quarta (1º), Onofre de Moraes protocolou pedido de instalação de processo por quebra de decoro contra Durval Barbosa, junto à Associação dos Delegados de Polícia do DF (Adepol) e ao Sindicato dos Delegados de Polícia do DF (Sindepo).
De acordo com a assessoria de imprensa da PCDF, o pedido foi feito porque Durval é réu confesso em processos ligados ao “mensalão do DEM” e isso poderia configurar quebra de decoro e que o delegado protocolou o pedido como "membro da associação e do sindicato", simbolicamente se desvinculando da função de diretor-geral da Polícia Civil.
Também na quarta (1º), o Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF) divulgou arquivamento da ação contra o policial militar João Dias Ferreira, delator de suposto esquema de desvio de dinheiro com ONGs do Distrito Federal. Dias foi indiciado pela Polícia Civil, mas o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) pediu o arquivamento da acusação de agressão a três servidores do GDF e injúrias de cunho racista, em dezembro passado.
De acordo com o TJ, o promotor viu as fitas que mostravam a confusão do dia em que o PM diz ter ido devolver dinheiro de propina oferecido a ele e entende que as agressões foram recíprocas. "Houve, por parte do PM, mais legítima defesa do que agressão à vítima", afirmou o promotor dizendo ainda que as injúrias cunho racial não são mostradas e as gravações mostrariam o PM "devolvendo os adjetivos" por que foi chamado.
Vale lembrar que o soldado João Dias, ainda esta semana, foi promovido a Cabo pela Polícia Militar do DF. Vamos aguardar as próximas cenas.
Veja aqui e aqui os vídeos divulgados por Sombra.
Foto, Divulgação.