Motim da PM baiana incluía atos de vandalismo e expansão

Publicado em: 09/02/2012

 

 

“- Prisco: Alô, oi. Desce toda a tropa pra cá meu amigo. Caesg e você. Desce todo mundo para Salvador, meu irmão… Tou lhe pedindo pelo Amor de Deus, desce todo mundo para cá…

David Salomão: Agora?

Prisco: Agora, agora. Embarque…

David Salomão: Eu vou queimar viatura… Eu vou queimar duas carretas agora na Rio/Bahia que não vai dar tempo…

Prisco: Fecha a BR aí meu irmão. Fecha a BR.”

 

Este é o trecho de uma das conversas entre lideranças do movimento de paralisação da Polícia Militar na Bahia. As gravações foram feitas com autorização da Justiça e divulgadas na noite desta quarta (08) no Jornal Nacional e contém o áudio de telefonemas entre líderes dos movimentos na Bahia e outros no Rio de Janeiro. No primeiro trecho, o presidente da Associação de Policiais e Bombeiros do Estado da Bahia (Aspra), Marco Prisco, combina uma ação de vandalismo com um de seus liderados em Vitória da Conquista, David Salomão, diretor presidente da JusPM (Centro de Apoio Jurídico aos Polícias Militares). Prisco nega ter participado de atos de violência.

 

Por sua vez, David Salomão afirmou ao site Tribuna da Conquista, que sabia dos grampos telefônicos e que a fala foi distorcida, haja vista que tinha dito para o Marco Prisco, que caso invadisse a Assembleia e matassem policiais ou familiares, iríamos queimar quantas carretas fossem. “Quanto vale uma carreta queimada? Quanto vale a vida de nossos policiais?”, perguntou, Salomão que afirmou ao Tribuna da Conquista que nesta quinta (09) irá colocar alguns vídeos no youtube com conversas entre os representantes grevistas de Vitória da Conquista junto com os representantes em Salvador.

 

Durante a greve deflagrada na última terça (31), um ônibus escolar foi queimado em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador, por motoqueiros armados que retiraram os alunos e atearam fogo em seguida. Ninguém ficou ferido. Viaturas também tiveram os pneus furados. Além disso, dois ônibus foram tomados por homens armados na Avenida Paralela e atravessados na pista, para obstruir o tráfego na via.

 

Greve coordenada – Além da combinação de atos de vandalismo em Salvador, havia uma articulação para que a paralisação se estendesse a estados, como Rio de Janeiro e São Paulo, entre outros.

 

Uma outra gravação envolve um cabo do corpo de bombeiros do Rio de Janeiro, Benevuto Daciolo, que já foi candidato a deputado estadual no Rio pelo PRTB e um dos líderes do movimento grevista da corporação no ano passado. Na gravação o cabo conversa com um homem desconhecido que ele classifica como alguém importante, a respeito de uma possível votação da PEC 300, emenda constitucional que garantiria um piso salarial único para bombeiros e policiais de todo o Brasil.

 

Na conversa fica explícito que o objetivo é estender a greve de policiais e bombeiros a Rio de Janeiro, São Paulo e outros estados, a fim de prejudicar o carnaval. O cabo Daciolo disse ao Jornal Nacional que não se recorda da conversa gravada e alegou participar de um movimento pacífico na Bahia.

 

Confira um trecho:

 

Daciolo: Pergunta ao senhor que é pessoa importantíssima a respeito da nossa PEC…pergunto: qual é a verdadeira possibilidade de nós conseguirmos passarmos em segundo turno na semana que vem? Não sei se o senhor sabe. Eu estou com uma assembleia Geral amanhã no Rio de Janeiro, com a abertura de uma greve geral no Rio também, com probabilidade de não ter carnaval nem na Bahia nem no Rio esse ano. E São Paulo acho que está para dar uma resposta agora e os outros estados também. Nós acreditamos que, se tivesse uma resposta do governo, assinalando numa possibilidade de votação no segundo turno da PEC, acalmaria muito, muito o que está acontecendo na Federação.

 

Em outro trecho das gravações, o cabo Daciolo, que já estava em Salvador recebe recomendação de uma mulher, para que tente influenciar o movimento dos grevistas baianos a não fechar acordo com o governo, a fim de não enfraquecer a possibilidade de greve no Rio. De acordo com informações da Revista Veja, a mulher que fala com o Daciolo é a deputada Janira Rocha (PSOL-RJ).

 

Mulher: Daciolo, Daciolo, presta atenção. Está errado fechar a negociação antes da greve do Rio…

Daciolo: Tudo bem, tudo bem… sabe o que vou fazer agora??? Ligue para ele que eu vou embora daqui, não vou ficar mais aqui.

Mulher: Eles não querendo que você avalize um acordo antes da greve do Rio. Depois da greve do Rio, muda tudo. Sabe como você vai ajudar eles? Voltando para o Rio, garantindo aqui. O governo vai fazer uma propostinha rebaixada para vocês, vai melhorar um pouquinho esse negócio que eles colocaram. E acho…se vocês garantirem a greve aqui, a mobilização aqui, vocês vão ajudar eles a liberar o Prisco, a ter uma negociação…

Com informações do G1, Tribuna da Conquista e Veja. Foto, Correio 24 Horas.

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