O presidente, Michel Temer, disse na terça-feira, (07/11), que o governo “cumpriu seu dever” (só se for com os empresários, claro) ao propor uma reforma da Previdência ao Congresso e que o atual texto enviado da reforma “corta privilégios”. Nenhum privilégio dos políticos corruptos e empresários, no entanto, foi cortado até o final desta edição, tendo até agora somente em vista o corte dos direitos dos trabalhadores.
A mensagem foi gravada em vídeo e distribuída nas redes sociais nesta terça, um dia depois de Temer admitir pela primeira vez a possibilidade de uma derrota na votação da reforma no Congresso.
“O governo cumpriu o seu dever, remeteu ao Congresso Nacional a reforma da Previdência”, disse Temer. “Quero transmitir minha a ideia de que toda a minha energia está voltada para concluir a reforma da Previdência.”
Na terça-feira (07), foi à vez do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, dizer que o governo não vai recuar na Reforma da Previdência. Segundo ele, há a possibilidade de aprovação do texto ainda neste ano. Já o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu que Temer se reaproxime da base aliada para discutir a reforma. Em uníssono, somente o tom de ameaça: se a reforma não passar, as contas não vão fechar e o país não vai retomar o crescimento. “Ameaças, o governo faz ameaças, isso é terrorismo”, adverte Paim.
Por trás da declaração de segunda-feira do presidente, que foi interpretada como se o governo tivesse “jogado a toalha” e desistido de aprovar a Reforma da Previdência, há a estratégia do Palácio do Planalto de dividir o ônus da reforma com a cúpula do Congresso frente a insatisfação da população com a retirada de direitos, que está tendo que pagar por uma crise que não lhe pertence, enquanto políticos e empresários seguem lucrando com a exploração dos trabalhadores todos os dias cada vez mais.
Temer informa em vídeo divulgado nessa terça que se reuniu com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), além de deputados e senadores que lideram sua base aliada. Ao contrário de parlamentares que fingem resistência para votar a reforma (até cair aquele dinheirinho em suas mãos) ao sair da reunião no Palácio do Planalto, Temer afirma que verificou nesses líderes a “disposição de produzir uma reforma da Previdência”.
“Uma reforma da Previdência que dê oportunidades iguais para todos, ou seja, uma Previdência igual para todos os brasileiros, sem privilégios. Nós apenas estamos cortando privilégios e também estamos fazendo um esforço para que hoje e no futuro os aposentados possam receber suas pensões e aqueles que vierem a aposentar-se também possam receber suas pensões”, disse o peemedebista achando que a população acredita em suas mentiras, pois na verdade todos sabemos que quem manterá seus privilégios com esta reforma serão eles mesmos, os políticos corruptos, que tanto trabalham menos tempo para poder se aposentar, contribuem menos para poder conquistar sua aposentadoria, quanto recebem mais do que qualquer trabalhador comum.
Não bastasse aprovarem a reforma trabalhista que acabou com a CLT (que entra em vigor no próximo dia 11) e uma série de outros ataques aos trabalhadores, Temer agora quer que os trabalhadores trabalhem até morrer e não tenham mais direito a aposentadoria, já que a idade proposta por ele equivale no Brasil à expectativa de vida (com saúde) dos brasileiros, de 65 anos.
Lula, nome forte nas atuais pesquisas eleitorais de 2018, junto ao PT dizem hoje estar “perdoando os golpistas”, o que condiz com a prática por não ter organizado sequer uma resistência à altura dos ataques que estão sendo deferidos contra os trabalhadores (vide traição da CUT na greve geral do dia 30 de julho), já os perdoaram a muito tempo. Todos de olho nas futuras alianças eleitorais para garantir o seu pedaço do bolo, mesmo que tenham que fazer novamente alianças com a direita golpista, como já lhes é de praxe, pois sempre o fizeram.
Para Diana Assunção, dirigente nacional do MRT e editora do Esquerda Diário “Ao contrário de perdoar os golpistas a tarefa é construir uma grande força política anticapitalista, para enfrentar a direita e os empresários. A raiva de milhões de pessoas contra a direita pode ser canalizada na construção de uma alternativa política anticapitalista dos trabalhadores, que longe de perdoar os golpistas seja implacável contra eles, ataque seus interesses e questione o conjunto do regime político apodrecido de 1988. Para isso propomos lutar pela abolição de todas as reformas de Temer, a começar pela reforma trabalhista, com o objetivo de impor pela luta uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana que questione todas as regras do jogo, tornando todos os políticos e juízes elegíveis e revogáveis, e recebendo o mesmo salário que um trabalhador de qualificação média, além da expropriação sem indenização de todos os bens dos empresários envolvidos em corrupção, que deveriam colocar-se sob controle dos trabalhadores.”
Informações Esquerda e Diário