Assessora técnica de vigilância sanitária é a primeira morte registrada no DF

Publicado em: 29/03/2020

O Distrito Federal registra o primeiro óbito por infecção do novo coronavírus. A vítima Viviane Rocha de Luiz, de 61 anos, assessora técnica e responsável pela Câmara Técnica de Vigilância Sanitária do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Ela morreu no fim da manhã da última segunda-feira (23/3), mas o caso não foi divulgado. Isso ocorreu porque o primeiro exame específico de Covid-19 deu negativo, o segundo inconclusivo. Somente um terceiro exame, de contraprova, realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, deu positivo.
Viviane deu entrada no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) na madrugada no domingo passado (22/3). Ela estava com febre e desconforto respiratório. Ela teve contato com um paciente confirmado com coronavírus, de São Paulo. Entre as comorbidades, a assessora técnica tinha obesidade mórbida, hipertensão arterial sem tratamento e era ex-fumante.
A paciente ficou internada, no entanto, o caso se agravou. Ela faleceu às 11h40 de segunda-feira (23), após uma parada cardiorrespiratória. Especialistas realizaram um exame, que deu inconclusivo para coronavírus. O resultado da contraprova deu positivo para SAR-COV2 no sábado (28/3).
Por meio de nota, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) confirmou a morte. “Ontem, por volta da meia noite, 28, foi confirmado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz – RJ) o resultado positivo da contraprova para o novo Coronavírus (SAR-COV2). Portanto, trata-se da primeira vítima oficial do Covid-19 no Distrito Federal”, informou o texto. A pasta também destacou que “todos aqueles que tiveram contato direto com a vítima estão sendo monitorados pela autoridade sanitária do Distrito Federal.”

Família agradece atendimento

Por meio de página no Facebook, o irmão da paciente, Douglas Alessandro Rocha de Luiz, lamentou a morte de Viviane. Ele explicou que a demora para confirmar o óbito por coronavírus ocorreu porque foram oito dias para a realização dos três exames de SAR-COV2. A vítima teve o corpo cremado.
“Venho por aqui agradecer a todos os profissionais que se envolveram na internação, no tratamento e mesmo na preparação para cremação da minha irmã. Todos esses profissionais se expõem, todos os dias, com a saúde de seu próprio corpo e expõem sua própria família para nos ajudar. Temos que respeitá-los e facilitar tudo que pudermos para eles. Não podemos ser ingratos e injustos”, frisou Douglas, texto.
Ele também prestou homenagem às mensagens de apoio. “Também quero agradecer a todos os carinhos e a todas as orações que tenho recebido das pessoas maravilhosas que me cercam. Anjos em minha vida, é por isso que estou de pé. Obrigado a todos. Amo todos vocês”, acrescentou.
Por fim, Douglas explicou todo o processo para confirmação de que Viviane faleceu em decorrência do novo coronavírus e fez um apelo: “Foi feito um primeiro exame de sangue ,que deu negativo para coronavírus, o chamado falso negativo. No segundo exame deu inconclusivo. Usando o mesmo material genético (dos demais testes), foi feito outro exame, onde confirmou o coronavírus. Tudo isso levou cerca de oito dias para ter a confirmação. Isso quer dizer que o exame saiu quatro dias após o falecimento dela. Está muito difícil e complicado toda essa situação. Por isso respeite seu próximo. Fique em casa. Se cuide e cuide dos seus e dos outros.”

Nota de pesar

A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e o Grupo Temático de Vigilância Sanitária (GTVisa) divulgaram uma nota conjunta lamentando a morte de Viviane Rocha de Luiz. As entidades destacaram a importância da vítima. “É com grande pesar que recebemos e comunicamos a notícia do falecimento da companheira, Viviane Rocha de Luiz. (…) Viviane participou dos movimentos que contribuíram para a construção do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, e a partir do ano de 1999 foi uma presença e um apoio fundamental para os avanços e superação de desafios do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária e na Comissão Intergestores Tripartite-CIT”, informou. 
“Nestes tempos de dificuldade para o Brasil e o mundo, lastimamos que seja uma das primeiras companheiras levadas pela pandemia. Viverá sempre em nossos corações e em nossa lembrança, pela alegria, companheirismo e crença num sistema de saúde inclusivo e equitativo. A ela nossa gratidão. A seus entes queridos nossa solidariedade nessa dor”, finalizou o texto. 
Do Correio Braziliense

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