Em reunião remota da Comissão Especial da Vacina contra a Covid-19 da Câmara Legislativa, na manhã desta quinta-feira (25), representantes dos rodoviários e metroviários pleitearam a inclusão das categorias nos grupos prioritários para vacinação no DF. O encontro foi transmitido ao vivo pela TV Web CLDF e pelo canal da Casa no Youtube.
O representante do Sindicato dos Rodoviários do DF, João Osório, frisou os riscos de contaminação que a categoria, cerca de doze mil trabalhadores, se submete diariamente desde o início da pandemia, principalmente pela falta de distanciamento social nos ônibus. Segundo ele, dezenove trabalhadores morreram e vários foram contaminados pela doença. Mesmo com as medidas adotadas pelo governo, como o limite de passageiros e o uso obrigatório de máscaras pela população, a exposição ao vírus é alta e a segurança dos rodoviários é temerária, motivo pelo qual a categoria faz jus à prioridade de vacinação, argumentou.
Diante da sinalização do governo em atender a essa demanda, ele pediu detalhamentos sobre os procedimentos de vacinação. João Osório atribuiu o atual cenário da pandemia à má gestão do governo federal que não atuou para garantir que as vacinas chegassem a tempo à população. “Agradecemos a cobrança que a Câmara Legislativa está fazendo diante da falta de vontade do governo federal, que não teve a compreensão de perceber que são as vacinas que vão salvar vidas e a economia”, afirmou.
Já a secretária de Mobilização e Comunicação do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários do DF (Sindmetrô-DF), Mary Rodrigues, pleiteou que estes trabalhadores tenham a mesma prioridade aventada aos rodoviários. “É um momento de muito medo porque o metrô não parou”, disse, ao acrescentar que “a necessidade de prioridade na vacinação é extrema porque não temos como controlar a aglomeração e a pouca ventilação nos trens”. Ela também solicitou máscaras e Equipamento de Proteção Individual (EPI) para os profissionais.
“Os rodoviários e os metroviários são grupos que estão na linha de frente desde o início da pandemia”, considerou o presidente da comissão, deputado Fábio Felix (PSOL). Ele lamentou o fato de os metroviários não terem sido inclusos nos grupos prioritários até o momento e garantiu que o colegiado vai intermediar nesse sentido junto governo.
Por sua vez, o relator da comissão, deputado Delmasso (Republicanos), observou que o nível de exposição ao vírus dos rodoviários e metroviários é próximo ao dos profissionais de saúde. Por isso, na avaliação do parlamentar, a não inclusão dessas categorias nos grupos prioritários do Plano Nacional de Imunizações (PNI) demonstra desconhecimento da realidade brasileira. Ele ainda defendeu o acesso ao quantitativo necessário de máscaras para a proteção desses trabalhadores, aspecto que será inserido no próximo relatório parcial da comissão.
Para o deputado João Cardoso (Avante), todos os rodoviários, sem exceção, devem ser imunizados. “Os ônibus são grandes vetores de transmissão da doença”, pontuou o parlamentar, ao apresentar vídeos com relatos de rodoviários sobre os ambientes de risco na pandemia. Cardoso lembrou sua proximidade com a rotina e a realidade da categoria, uma vez que é filho de rodoviário.
Encaminhamentos
Ao final da reunião, Felix anunciou que o colegiado encaminhará ofícios à Secretaria de Mobilidade e ao Metrô-DF para seguir as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) quanto ao uso das máscaras de proteção para os rodoviários e os metroviários. Outra providência da comissão, segundo o presidente, será o contato com o secretário adjunto da Secretaria de Saúde do DF, Alexandre Garcia, a fim de saber sobre os procedimentos de cadastramento e agendamento dos rodoviários no processo de vacinação, bem como a inclusão dos metroviários no grupo prioritário.
Duzentos mil por dia
Fábio Felix reforçou que um dos principais objetivos do colegiado é garantir a vacina para toda população do DF, inclusive através da compra direta pelo GDF. A segunda frente que a comissão tem atuado, de acordo com o deputado, é na fiscalização e na colaboração com o processo de vacinação no DF, visitando Unidades Básicas de Saúde (UBS), Almoxarifado e Farmácia Central, entre outros locais. “O DF tem a capacidade de vacinar duzentas mil pessoas por dia”, afirmou, ao inferir que “se houvesse vacinas em número suficiente, em menos de trinta dias poderíamos vacinar toda população do Distrito Federal”.
Franci Moraes