Boston, MA – Doze membros da Câmara Federal dos EUA assinaram e enviaram essa semana uma carta ao Embaixador dos EUA no Brasil, Todd Chapman, expressando sua profunda preocupação com a comunidade indígena brasileira Munduruku. Os deputados esperam encorajar o governo Biden a somar sua voz contra a situação de vulnerabilidade a que esses indígenas estão expostos no coração da Amazônia.
Na carta, liderada pelo Rep Raúl Grijalva (Arizona), os parlamentares requerem ao embaixador norte-americano que o governo Biden expresse preocupação ao presidente brasileiro Jair Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sobre as tensões crescentes na região com a presença de mineiros ilegais armados conduzindo equipamentos pesados de mineração para áreas do território Munduruku.
Os parlamentares receberam apelo dos indígenas denunciando que há falta de vontade política para fazer cumprir a lei e expulsar os mineiros da região. As denúncias chegaram até a Rede dos EUA para a Democracia no Brasil – USNDB – formada por acadêmicos e ativistas estrangeiros e brasileiros que imediatamente acionou seu escritório em Washington,DC. De acordo com Juliana Moraes, Diretora Executiva do Washington Brazil Office, braço de defesa da USNDB, embora a ameaça de mineração em terras Munduruku anteceda a crise atual, a situação agravou-se a partir de meados de março, com a invasão de garimpeiros na região até então intocada de Igarapé Baunilha, em Jacareacanga. A situação ficou mais grave ainda na semana passada, quando os escritórios da Associação de Mulheres Munduruku na cidade de Jacareacanga, nos limites do território Munduruku, foram atacados e vandalizados com pichações dizendo “ONGs fora” e “Federais fora”.
A ação de vandalismo foi denunciada imediatamente por federações indígenas brasileiras, como a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e grupos brasileiros de direitos humanos, como o Conselho Indiginista Missionário (CIMI).
Após assinar e enviar a carta para a embaixada norte-americana no Brasil, os parlamentares também twitaram e ganharam a adesão de outros congressistas e setores da sociedade norte-americana. A situacão dos indígenas Munduruku é a ponta de um iceberg dos problemas do extermínio de povos indigenas, da fauna e da flora da Amazônia enfrentado pelo Brasil. O deputado Grijalva convocou todos os parlamentares a denunciarem a situação genocida.
“O fato de os brasileiros terem chamado Bolsonaro de genocida não deve ser encarado levianamente pelo governo Biden-Harris”, Disse Juliana Moraes. “Isso vai muito além da situação horrível enfrentada pelos povos Munduruku. Após múltiplas denúncias de crimes contra a humanidade sobre o comportamento do governo brasileiro em meio à pandemia e por genocídio contra povos indígenas perante o Tribunal Penal Internacional, um caso foi aceito e está em avaliação. É a primeira vez que o ICC analisa o caso de um presidente brasileiro.”