Brasileiros nos EUA preparam o maior ‘Fora Bolsonaro’ da história

Publicado em: 19/06/2021

De Boston–– Unidos através de uma rede que articula mais de uma centena de grupos de ativistas e acadêmicos em diversas cidades e universidades norte-americanas –– The US Network For Democracy in Brazil–– brasileiros  que moram nos Estados Unidos e não-brasileiros que amam o Brasil realizam hoje, 19 de junho, a maior manifestação contra o presidente Jair Bolsonaro e seu governo genocida ocorrida nas principais cidades dos EUA. Eles atuarão juntos para fazer eco à grande manifestação do “Fora Bolsonaro” que acontece hoje em várias cidades no Brasil e de outras nações.

As mídias sociais contabilizam mais de 450 atos confirmados em mais de 400 cidades a serem realizados hoje em todo o Brasil e no exterior. Nos Estados Unidos os protestos começaram desde ontem, sexta,  em Washington, às 10h30, em frente do Consulado do Brasil (foto). Os participantes gritaram palavras de ordem, espalharam cartazes e leram um manifesto (abaixo). Nos eventos de hoje, os protestadores pretendem gritar nas redes e nas ruas pelos 500 mil brasileiras e brasileiros mortos como vítimas da Covid-19.

As manifestações de hoje começam às 9h (horário local) em Flórida, na Delray Beach e às 10h na Deerfield Beach; haverá protestos em Los Angeles no mesmo horário – em frente ao Federal Building;  às 14h em Boston, na porta do consulado brasileiro; as 16h em Nova York, na  Union Square.  Atos acontecem ainda em Chicago e Connecticut em horários que não conseguimos apurar.

É o grito pela democracia brasileira, na certeza de que para o Brasil sair desta crise política e sanitária é preciso tirar o presidente Jair Bolsonaro do poder.

Os locais e horários das manifestações em outros países podem ser  verificados aqui

Defendendo a democracia

No momento que brasileiros, norte-americanos e pessoas de outras nacionalidades que moram nos Estados Unidos e amam o Brasil começaram a se articular para defender a democracia brasileira, em ameaça desde que Jair Bolsonaro assumiu a presidência da República em janeiro de 2019, diversas ações têm acontecido no país estadunidense no sentido de protestar contra e mesmo barrar ações criminosas do presidente no território brasileiro e fora dele.

A primeira foi no dia 15 de março de 2019, quando completou um ano do assassinato da vereadora e ativista Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, no Rio. A polícia descobriu que o crime foi realizado por milicianos com ligação bastante próxima aos filhos do presidente––na noite do crime, eles estiveram no condomínio onde morava um deles e também o presidente Jair Bolsonaro, então deputado federal, para pegar as armas que mataram Marielle e informaram ao porteiro que estavam se dirigindo para a casa do “Sr. Jair” . Um iceberg que remete a “apenas” uma das faces criminosas do presidente de ligação com o crime organizado, que inclui matança de pessoas, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro,  junto com a sua família.

Depois vieram outros protestos dirigidos a alvos pontuais, como o de barrar a homenagem que a Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos faria ao presidente nas instalações do Museu de História Natural em Nova York; após pressão dos setores, intelectual e político, a homenagem foi cancelada. Durante o período da pandemia, os grupos trabalharam nas redes sociais. A rede produziu um diagnóstico da situação de risco da democracia no Brasil. O documento foi endossado por parlamentares estadunidenses e entregue ao presidente norte-americano Joe Biden como subsídios para nortear o relacionamento da nação norte-americana com o Brasil.

Por que nós estamos aqui?

É o seguinte o texto do manifesto lido hoje em Washington pelos manifestantes, onde está sediada the USNDB:

” Desde sua posse em 1º de janeiro de 2019, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro tem sistematicamente atacado e violado o estado de direito e os valores democráticos, acelerado a destruição da floresta amazônica, minado a proteção e conservação ambiental e criado um pesadelo de saúde pública sem precedentes por meio de negligência grosseira, se não for intenção deliberada. Com cerca de 500.000 mortes brasileiras resultantes da pandemia COVID-19, desemprego e subemprego recorde, polícia não fiscalizada e violência extrajudicial contra a comunidade afro-brasileira, destruição intencional dos direitos à vida e à terra dos povos indígenas do Brasil, discriminação deliberada de gênero e a perseguição da comunidade LGBTQI +, o aumento da pobreza e da desigualdade econômica, o ressurgimento das práticas de trabalho infantil e forçado, junto com uma guerra sem precedentes sendo travada contra os direitos trabalhistas e sindicais, as massas brasileiras se levantam para dizer Basta! – Suficiente!

Amanhã, 19 de junho, milhares de trabalhadores brasileiros, sindicalistas, indígenas, afrodescendentes, pequenos produtores agrícolas, membros do movimento sem terra, membros da comunidade LGBTQI +, mulheres, defensores dos direitos humanos, acadêmicos, ativistas ambientais e pessoas da todas as esferas da vida estarão se manifestando nas cidades e no campo do Brasil para denunciar as atrocidades cometidas pelo regime de Bolsonaro. Além disso, milhares de brasileiros que vivem e trabalham fora do Brasil, inclusive na América do Norte e na Europa, tomarão as ruas no dia 19 de junho.

Em solidariedade com nossas irmãs e irmãos que se mobilizam amanhã em todo o Brasil e no mundo, estamos demonstrando nosso apoio ao nos reunirmos em frente ao Consulado do Brasil em Washington, DC na sexta-feira, 18 de junho. Somos membros da comunidade brasileira local, bem como defensores do trabalho, do meio ambiente e dos direitos humanos. Queremos deixar claro para a missão diplomática brasileira oficial nos Estados Unidos que estamos unidos ao povo brasileiro em sua mobilização para impedir as políticas de morte, destruição e crimes contra a humanidade de Bolsonaro. E conclamamos o governo Biden a reconhecer e denunciar essas atrocidades, condicionando a ajuda dos Estados Unidos, incluindo assistência militar, bem como políticas comerciais e de investimento, ao término dessas violações flagrantes dos direitos humanos, trabalhistas e ambientais atualmente perpetradas pelo regime de Bolsonaro.”

Artigos relacionados