Um dos maiores galãs da sétima arte, Alain Delon, que via o envelhecimento com algo doloroso, morreu neste domingo (18), aos 88 anos. A morte foi anunciada pelos filhos do ator em comunicado:
“Alain Fabien, Anouchka, Anthony, assim como (seu cachorro) Loubo, têm a imensa tristeza de anunciar a partida de seu pai. Ele faleceu pacificamente em sua casa em Douchy, cercado por seus três filhos e sua família (…)A família pede gentilmente que sua privacidade seja respeitada neste momento extremamente doloroso de luto”, diz a nota.
Alain Fabien Maurice Marcel Delon nasceu no dia 8 de novembro de 1935, em Sceaux, Hauts-de-Seine, na França. Quando jovem, trabalhou como aprendiz de açougueiro com seu pai. Abandonou os estudos aos 15 anos e, aos 17, se alistou na marinha francesa e lutou na Guerra da Indochina. Dispensado em 1955, ele se mudou para Paris pouco depois e passou a fazer pequenos trabalhos como porteiro, garçom e vendedor.
No mundo dos bicos e dono de uma beleza inconfundível, conheceu e se relacionou com jovens nomes da cena cultural da França. Desenvolveu uma amizade com Jean-Claude Brialy, um dos atores de maior destaque no cinema francês no final dos anos 50. Em 1957, Brialy convida o jovem Delon, então com 21 anos, para visitar o Festival de Cannes. Anos mais tarde, Brialy confidenciou ter ficado enciumado com a presença do amigo na Riviera francesa. Ele, um astro, parecia despertar bem menos interesse do que aquele jovem desconhecido. Em Cannes, Delon foi convidado pelo lendário produtor David O. Selznick (“E o vento levou”, de 1939) para tentar uma carreira em Hollywood. Ele só precisaria aprender a falar inglês.
Ainda que tenha pensado em seguir carreira nos Estados Unidos, no mesmo ano, o ator conheceu o diretor francês Yves Allégret e foi escalado para seu primeiro projeto nos cinemas: “Uma tal condessa” (1957). No ano seguinte, Delon foi contratado para “Basta ser bonita” (1958), de Marc Allégret, irmão mais velho de Yves, e para “Cristina” (1958), de Pierre Gaspard-Huit, que marcou seu primeiro papel como protagonista.
Em “Cristina”, o ator contracenou com a atriz austríaca Romy Schneider (1938-1982). Os dois iniciaram um relacionamento durante as filmagens e permaneceram juntos por cinco anos. Delon e Schneider formaram um dos mais belos casais do cinema, despertando a atenção do público e da imprensa.
O papel de Tom Ripley em “O sol por testemunha” (1960), de René Clément, ratificou Alain Delon como um dos grandes astros do cinema francês na década. No mesmo ano, brilhou no papel do personagem-título do clássico “Rocco e seus irmãos”, de Luchino Visconti, com quem voltaria a trabalhar em “O leopardo” (1963).
Além de Visconti, Alain Delon trabalhou com alguns dos maiores nomes do cinema europeu nas décadas de 1960 e 1970, como Michelangelo Antonioni (“O eclipse”, de 1962), Jean-Pierre Melville (“O samurai”, de 1967, “O círculo vermelho”, de 1970 e “Expresso para Bourdeaux”, de 1971) e Valerio Zurlini (“A primeira noite de tranqüilidade”, de 1972). No mesmo período, despertou a atenção do cinema americano. Com Joseph Losey, realiza “O assassinato de Trotsky” (1972) e “Cidadão Klein” (1976). Anos mais tarde, Delon também inclui Jean-Luc Godard, com “Nouvelle vague” (1990), e Agnès Varda, com “As cento e uma noites” (1995), no rol de importantes realizadores com quem trabalhou.