Escrito por Cristiano Torres – Base aliada e oposição entraram em rota de colisão, nesta quarta-feira (18), no plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal, por causa das denúncias que envolvem o Programa Segundo Tempo, do Ministério dos Esportes. A deputada Celina Leão (PSD) subiu mais uma vez à tribuna para cobrar a instalação de uma CPI que investigue os repasses do Programa para o Governo do Distrito Federal e os desdobramentos da Operação Shaolin, desencadeada pela Polícia Federal em 2008 e que envolve também desvios do Ministério do Esporte. O pedido de CPI tem cinco assinaturas, mas são necessárias oito para a instalação da Comissão.
Ela declarou que a Casa não pode se omitir as acusações veiculadas na grande imprensa e contestou a opinião de que os recursos da União só podem ser investigados na esfera federal. “Não queremos investigar o Governo Federal. Temos aqui em mãos uma contrapartida do GDF de R$ 560 mil reais, em contratos do Programa Segundo Tempo. São informações de 18 de outubro deste ano, que abrange as gestões do ministro Orlando Silva, no Esporte, e do governador Agnelo”, disse. A deputada chegou a propor que todos os repasses para ONGs fossem investigadas, mas foi rechaçada por colegas da base.
O líder do Governo, deputado Wasny de Roure (PT), contestou as afirmações e declarou que não há motivos para investigar, pois ainda não foram apresentadas provas que confirmem as denúncias.
Já o líder do PT, deputado Chico Vigilante, esquentou o debate e rebateu de pronto dizendo que a CPI não tem objeto, nem fundamento, e que não pode ser instalada nem mesmo se forem conseguidas as oito assinaturas necessárias. “Não há o que investigar em Brasília. O que tem de ser feito já está sendo feito pelas instituições competentes. Além disso, que tem roubo no Segundo Tempo todo mundo já sabe, mas foi o governador Agnelo quem, na época, pediu para apurar essas fraudes. Querer envolvê-lo agora não dá”. Para o distrital, a oposição tenta criar uma crise onde não existe. “Neste governo tudo é investigado, quem fez errado é investigado e punido. Mas querer investigar Ministério é brincadeira”.
Entenda
As denúncias atingem o ministro dos Esportes Orlando Silva – que teria recebido propina de entidades do programa Segundo Tempo. O governador Agnelo Queiroz, ex-titular da pasta, estava no cargo quando da assinatura de um dos convênios com as ONGs envolvidas no suposto esquema de corrupção. As acusações foram feitas pelo soldado da Polícia Militar do Distrito Federal João Dias Ferreira e por seu funcionário Célio Soares Pereira, nas páginas da revista Veja.